Espanha

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Comando etarra preparava atentados em Navarra



PATRÍCIA VIEGAS

Espanha. A polícia deteve quatro alegados terroristas que estavam a reconstruir o comando Nafarroa. Tinham idades compreendidas entre os 26 e os 29 anos, levavam vidas totalmente normais, eram descritos como vizinhos bem educados, trabalhadores exemplares, longe de qualquer suspeita

Quatro detidos levavam vidas insuspeitas

A polícia espanhola prendeu ontem quatro etarras que estavam a reconstruir o comando da organização terrorista basca em Navarra. Apenas um deles tinha cadastro, todos os outros levavam vidas normais, eram mesmo considerados como vizinhos e trabalhadores exemplares. O grupo tinha em sua posse dois revólveres, rastilhos, temporizadores, material informático e mais cem quilos de componentes explosivos, como a pentrite ou o pó de alumínio.

"Trata-se de quatro detenções. Estas pessoas estavam em posse de armas e de explosivos, algo que significa que estavam prontos a cometer um atentado terrorista", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Alfredo Perez Rubalcaba, citado pelas agências noticiosas. "Esta foi uma operação preventiva", congratulou-se o governante, acrescentando que os alvos dos etarras seriam "em princípio Navarra".

Três dos alegados terroristas foram detidos na cidade de Pamplona, uma quarta pessoa em Valência. Aurken Sola Campillo, de 29 anos, já tinha sido preso uma vez, em 2002, por pertencer a um comando que recolhia informações sobre possíveis alvos de atentados em Navarra. Até chegou a ser condenado a uma pena de um ano e três meses de cadeia. Actualmente vivia com a namorada num bairro de Pamplona.

Sergio Boada Espoz, de 29 anos, foi detido na localidade de Añorbe, onde residia com a companheira. Trabalhava no sector na energia eólica, segundo a Europa Press, tendo sido descrito pelos vizinhos como uma pessoa muito bem educada. "Tinha um comportamento correcto", disseram alguns deles à agência, declarando-se muito surpreendidos.

Xabier Rey Urmeneta, de 26 anos, aderira no ano passado à ETA através de uma manifestação convocada em San Sebastián contra a classificação como organizações terroristas da Jarrai, Haika e Segi. A sua namorada, Araitz Amatria Jiménez, também ela com 26 anos, encontrava-se a estudar em Valência, depois de ter pedido uma licença no Auditório de Barañáin, em Navarra, onde tinha contrato até ao fim do ano como programadora da página Web. Além disso era colaboradora da associação de pais das escolas públicas. O delegado do Governo valenciano indicou que a etarra estava há pouco tempo em Valência e tinha-se refugiado ali com medo de ser presa. Foi entretanto transferida para Madrid e posta à disposição da Audiencia Nacional.

O perfil dos quatro detidos vem reforçar a ideia de que a ETA está a ter algumas dificuldades em conseguir recrutar activistas. Essa tese fora confirmada em Julho, quando se desmantelou o comando de Biscaia, lembrou ontem o El País online. Nessa altura encontrou-se uma carta em que o líder, Arkaitz Goikoetxea, ordenava a um dos seus cúmplices: "Arranja todo o tipo de pessoas, gente que já esteja queimada, limpa, é igual. Há trabalho para todos".

O comando ontem desarticulado visava reconstruir o Nafarroa, que foi desmantelado em 2002, depois de se descobrirem planos para atentar contra alvos tão diferentes como a autarca de Pamplona ou a sede do jornal Diario de Navarra. Este é o quarto comando etarra que a polícia espanhola desmonta este ano. A organização terrorista, que defende a união do País Basco espanhol e francês, mais Navarra, já fez mais de oito centenas de mortos em mais de quatro décadas de luta armada.

In DN

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Espionagem americana ajudou a localizar Txeroki



PATRÍCIA VIEGAS

Espanha.

Fontes dos serviços secretos espanhóis, citadas por jornais como 'El Mundo', confirmaram que a ajuda da Agência Nacional de Segurança dos EUA foi preciosa para chegar ao líder militar da ETA, que foi detido segunda-feira numa localidade francesa e que deverá ser agora extraditado para Espanha
A Agência Nacional de Segurança norte-americana, a NSA, esteve na origem da primeira pista que conduziu à localização e detenção, na segunda-feira, na França, do dirigente do aparelho militar da ETA, noticiaram ontem alguns jornais espanhóis. A agência de espionagem especializada na intercepção de comunicações e descodificação de mensagens detectou dois endereços de correio electrónico suspeitos de serem utilizados por Txeroki e transmitiu a informação aos serviços secretos espanhóis, o CNI, que depois de a analisarem a transmitiram à Guardia Civil.

Esta, em conjunto com a polícia francesa, conseguiu localizar o sítio onde o etarra se encontrava com a sua companheira, Leire López, através do carro que usavam nas deslocações: um Peugeot 207, roubado no dia 6, com matrícula falsa, impossível de existir, como lembrou o ministro do Interior espanhol. A matrícula chamou a atenção por ser das antigas, enquanto o veículo era praticamente novo. Txeroki, obcecado com a segurança do aparelho militar, parece ter-se esquecido deste pormenor.

O dirigente etarra e a sua companheira sentimental foram ontem transferidos da localidade de Cauterets, nos Pirenéus, para Paris. Ao longo deste ano foram presos em França 36 membros da organização terrorista basca, indicou ontem, citada pela AFP, a ministra do Interior francesa, Michèle Alliot-Marie. Txeroki pode ser extraditado a qualquer momento. O etarra enfrenta em Espanha 22 acusações, entre as quais a da morte de dois guardas civis em Capbreton, França, há um ano, mais a da autoria do atentado contra o parque de estacionamento do novo terminal do aeroporto internacional de Barajas, em Madrid, em 2006. Acresce o facto de, na altura da detenção, que ocorreu enquanto dormia em casa, Txeroki ter em sua posse armas, dinheiro, computadores. A isto Alfredo Pérez Rubalcaba acrescentou ontem cem gramas de haxixe.

Falando à imprensa, durante a manhã, o ministro do Interior espanhol desvalorizou a informação sobre o envolvimento da NSA. "Trabalhamos muito e bem com os serviços de informações americanos, mas neste caso, não", declarou o governante socialista, que na véspera já tinha afirmado não ser segredo que o etarra "recorria a cibercafés". Não admira que o ministro queira distanciar-se da NSA, pois apesar de surgir rodeada de grande secretismo, a agência americana já esteve envolvida em vários escândalos. O mais recente tem três anos e estourou quando o New York Times denunciou que a agência estava a espiar as comunicações electrónicas de cidadãos americanos muçulmanos. As intercepções, feitas sem ordem judicial, tinham sido decretadas por George W. Bush e violavam as normas de funcionamento da NSA. Esta esteve ainda envolvida na rede Echelon, na qual EUA, Reino Unido e Austrália colaboraram na intercepção de comunicações oriundas de várias partes do mundo.|

In DN

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Cinco discotecas fecham após morte de um jovem



SUSANA SALVADOR

Madrid. Álvaro Ussía foi agredido por porteiros de El Balcón de Rosales

Já passava das 5.00 quando dois jovens amigos, alcoolizados, começaram a discutir na pista da discoteca madrilena El Balcón de Rosales. Um deles empurra o outro, que choca com uma rapariga. Segundo as testemunhas, os porteiros intervêm de forma violenta para os expulsar do local. No exterior, um dos jovens insulta os seguranças, que o agridem até que fica insconsciente. Após uma hora a tentar reanimá-lo, os socorristas declaram o óbito.

A morte de Álvaro Ussía, de 18 anos, há uma semana, chocou Madrid e levou ao encerramento de cinco bares e discotecas da capital espanhola: El Balcón de Rosales, La Riviera, Moma 56, But e Macumba. Nenhuma tinha as licenças em dia e incorriam em "infracções graves", segundo a autarquia.

Os empresários falam numa verdadeira "caça às bruxas" da parte da câmara, dizendo que a responsabilidade também é das autoridades: "Há uma complexidade burocrática que impede que seja ágil tudo o que está relacionado com licenças", disse o porta-voz da Associação Madrilena de Empresário pela Qualidade do Ócio, Vicente Pizcueta.

A verdade é que a câmara de Madrid tinha dado ordem de fecho da discoteca La Riviera em Janeiro de 2007, não só pela falta de licenças mas também por ter recebido numerosas queixas dos vizinhos devido ao ruído, mas até esta semana a polícia não a tinha executado. Já o bar Moma, por exemplo, está aberto há seis anos sem licença de discoteca e a polícia tinha pendentes 20 denúncias contra o local.

São pormenores que não interessam à família e aos amigos de Álvaro Ussía, que na sexta-feira à noite se concentraram no local em que o jovem foi morto para lhe prestar homenagem. "Não te esqueceremos" foi a mensagem que os milhares de jovens quiseram passar, não deixando também de culpar as autoridades pelo sucedido. "Que a morte do meu filho não tenha sido em vão", disse a mãe de Álvaro, numa entrevista ao ABC.

A autópsia revelou que o jovem de 18 anos morreu devido a uma "rotura cardíaca traumática". Três porteiros e seguranças da discoteca estão presos pela suspeita da sua morte. Um deles, David Sancio Gutiérrez, reconheceu à polícia que, quando Álvaro já estava caído no solo, o colega Antonio Sánchez Serrano se atirou de joelhos para cima do peito do jovem. Mais tarde, voltou atrás, dizendo que tinha sido "sem querer".

In DN

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ETA assassina um empresário à queima-roupa



PEDRO CORREIA

Espanha. Quarta vítima dos separatistas em 2008

Homem de rotinas, Ignacio Uría Mendizabal estacionou ontem o automóvel no local do costume, à hora habitual. O facto de ter hábitos tão previsíveis e de se deslocar sem guarda-costas custou-lhe a vida: dois membros da ETA assassinaram-no com dois tiros - um na cabeça, outro no peito - à queima-roupa. Consumados os disparos, puseram-se em fuga. Quando a ambulância chegou ao local, poucos minutos depois, o empresário basco de 70 anos, pai de cinco filhos, já se encontrava morto. À porta do restaurante onde sempre almoçava na povoação de Azpeitia, situada na província de Guipuzcoa, a poucos quilómetros de San Sebastian.

Este foi o quarto assassínio cometido pela ETA em 2008, rompida a frágil trégua que fora anteriormente estabelecida entre a organização terrorista e o Governo de Rodríguez Zapatero.

Com este crime, os terroristas bascos lançaram um aviso aos empresários da região: a partir de agora, todos os negócios estabelecidos com o Estado espanhol podem vir a ser pagos com sangue. Ignacio Uría Mendizabal era um dos proprietários da empresa de construção Altuna y Uria, à qual foi adjudicada parte do traçado da futura linha férrea de alta velocidade que ligará as três capitais provinciais do País Basco espanhol entre si, e também a Madrid e a França. Um plano estratégico que visa aproximar a capital espanhola da região rebelde, onde parte da população aspira à independência embora apenas um número ínfimo de pessoas apoie os métodos terroristas da ETA, que já assassinou mais de 800 pessoas em cerca de quatro décadas.

Os separatistas radicais opõem- -se à linha de alta velocidade - tal como se opuseram antes à auto-estrada de Leizarán e à central nuclear de Lemóniz, como ontem sublinhava a edição digital do diário El Mundo - porque, sublinham, esta obra visa "desestruturar a Euskal Herria", o nome que dão ao País Basco, e aumentar a dependência económica da região face a Madrid. Isto numa altura em que a sobrevivência do Executivo de Zapatero depende do apoio parlamentar do Partido Nacionalista Basco, única força da oposição que viabilizou o orçamento espanhol para 2009.

Madrid fala em "estratégia de intimidação" da ETA, que responde com este novo surto de violência à recente detenção do seu líder operacional, Garikoitz Aspiazu, conhecido por 'Txerpki', preso a 17 de Novembro numa operação conjunta das forças policiais espanhola e francesa.

Segundo testemunhas, os autores do crime de ontem deslocavam-se num Alfa-Romeo que tinham roubado pouco antes, pondo-se em fuga imediatamente após os disparos. Viriam a abandonar o veículo alguns quilómetros adiante, escapando a todos os controlos policiais na província de Guipuzcoa, onde o separatismo basco tem raízes mais fortes.

De acordo com os depoimentos prestados na tarde de ontem por habitantes da povoação, Ignacio Uría Mendizabal era uma pessoa estimada em Azpeitia, onde todos o conheciam. Deslocava-se habitualmente sem escolta e tomava o pequeno-almoço e o almoço invariavelmente no restaurante Kiruki, onde era um dos clientes mais regulares. A sua morte foi prontamente condenada pelas principais forças políticas espanholas. "O grupo terrorista ETA jamais conseguirá impor-nos soluções violentas", declarou Zapatero após uma reunião com o ministro do Interior.

A organização separatista junta este assassínio aos três crimes mortais cometidos em 2008. Anteriormente, assassinara o autarca socialista Isaías Carrasco (7 de Março), o guarda civil Juan Manuel Piñuel (14 de Maio) e o militar Luis Conde de la Cruz (22 de Setembro).

In DN


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Chefe da ETA urinou nas calças quando o prenderam em França

HUGO COELHO

Investigação. Organização terrorista basca perde dois chefes de comando em menos de um mês

Espanha quer deportação do etarra, preso com outros dois terroristas

Quando percebeu que era a polícia, Aitzol Iriondo Yarza ainda tentou sacar a pistola do cinto. Mas a acção rápida do agente francês, que lhe apontou uma arma à cabeça, desencorajou qualquer movimento. Então, cercado e vendo os seus dois camaradas controlados, o presumível chefe da ETA urinou pelas calças abaixo.

Os pormenores da detenção do novo líder da organização terrorista que luta pela independência do País Basco foram revelados pelas autoridades francesas. Iriondo foi preso segunda-feira em Gerde, no Sul de Espanha, com outros dois membros da organização. Seguia num carro carregado de explosivos e material informático que os investigadores acreditam serem pistas para continuar a perseguir os terroristas.

A Procuradoria da Audiência Nacional espanhola anunciou ontem que vai pedir a Paris que entregue o terrorista para julgamento. A máxima instância judiciária espanhola quer ver o etarra no banco dos réus para responder por vários crimes pendentes, entre os quais se destaca o assassínio do vereador socialista de Lasarte, Froilán Elespe, em 2001.

O etarra, conhecido como "Gurbitz y Balak", tinha assumido a liderança da ETA há menos de um mês depois da detenção de Txeroki.

Na edição de ontem do El País lia--se que "a segunda detenção de um comando da ETA em 21 dias pode romper a linha de continuidade na liderança e criar um vazio de poder."

O ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, deixou uma mensagem ao homem que substituir Gurbitz: "A partir de agora, estamos à tua procura."

In DN

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Nove detenções no País Basco relacionadas com a ETA

Ontem às 08:46



Nove pessoas foram hoje detidas pela polícia espanhola no País Basco por alegada colaboração com formações políticas ilegalizadas próximas da ETA, segundo fontes judiciais.

A operação, que ainda decorre, foi ordenada pelo juiz Baltasar Garzón, da Audiência Nacional, o tribunal que tem a seu cargo os delitos de terrorismo.

Entre os detidos figura Amparo Lasheras, porta-voz de uma nova plataforma radical chamada Demokrazia 3 millones (D3M), que tenta reunir assinaturas para se apresentar às eleições regionais marcadas para 01 de Março no País Basco.

A operação policial teve início horas depois dos magistrados da Audiência Nacional terem recebido informações preliminares da polícia sobre ligações entre a D3M e o Batasuna, formação considerada o braço político da ETA e que foi ilegalizada a 17 de Abril de 2003.

O juiz Baltasar Garzón viajou quinta-feira para a cidade basca de Bilbau, onde coordenou a operação, iniciada à meia-noite e que se mantém em curso.

Fontes da luta antiterrorista citadas pela agência EFE referiram que quatro das detenções ocorreram em Vizcaya, três em Álava e as outras duas em Guipúzcoa.

As detenções deveram-se à presumível colaboração reiterada dessas pessoas com formações políticas ilegalizadas devido à sua relação com o terrorismo.

In TSF

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Um esconderijo de armas da ETA descoberto no País Basco

Hoje às 08:15

A polícia basca descobriu um esconderijo de armas da organização independentista basca ETA em Ordizia, País Basco, esta madrugada, indicaram fontes da luta antiterrorista em Madrid.

O esconderijo continha armas longas e armas de punho, granadas e munições, mas os polícias decidiram esperar até hoje de manhã para fazer investigações mais aprofundadas por temerem a presença de uma bomba no local.


A polícia basca descobriu o esconderijo após ter sido avisada por um habitante da presença de um bidão semienterrado contendo, ao que parece, armas.

A ETA, que figura na lista das organizações terroristas da União europeia, é considerada responsável pela morte de 825 pessoas em 40 anos de luta armada pela independência do País Basco.

A organização clandestina retomou a sua campanha de atentados em meados de 2007 após uma trégua de 15 meses, depois de falhadas as negociações de paz com o governo socialista espanhol.

In TSF

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ETA ataca em Madrid a 21 dias das eleições bascas

PATRÍCIA VIEGAS

Espanha. Atentado com carro-bomba só causou danos materiais

A três semanas das eleições bascas, a ETA atacou ontem em Madrid, pela primeira vez desde 2006. O atentado terrorista, no centro empresarial da capital, aconteceu algumas horas depois de a justiça ter ilegalizado os partidos com que os independentistas iriam apresentar-se às eleições de 1 de Março, o Askatasuna e o Democracia 3 Milliones (D3M).

O ataque foi realizado com um carro roubado e armadilhado em Madrid, o que indica que a organização basca tem uma infra-estrutura de apoio nesta comunidade, disseram fontes policiais. A explosão não fez feridos, mas provocou estragos nos carros que estavam estacionados na zona e deixou uma cratera de três metros de diâmetro.

"Eu ouvi a explosão e vi fumo. O trânsito estava todo cortado desde as oito da manhã e a polícia pôs as pessoas que trabalhavam naqueles escritórios todas dali para fora. Houve um engarrafamento terrível, não consegui ir levar o meu filho à escola", disse ontem ao DN, por telefone, uma portuguesa que vive e trabalha em Madrid. "Já houve uma bomba a 600 metros daqui há quatro anos e, entre colegas, dissemos que era a ETA", contou à AFP um jovem francês que trabalha na zona do Campo de las Naciones. Este foi o alvo dos bascos, em 2005, quando explodiram um carro--bomba perto da ARCO, a Feira Internacional de Arte de Madrid. E voltou a ser o alvo ontem de manhã.

A viatura, um Peugeot Partner roubado no domingo à noite, explodiu às nove da manhã em frente à sede da construtora Ferrovial Agromán, em Madrid, uma das empresas envolvidas nas obras da linha de alta velocidade no País Basco - a qual tem sido alvo dos terroristas. A explosão foi precedida de quatro avisos, recebidos por serviços de emergência. O que mostra que a organização terrorista não pretendia provocar vítimas mortais ou até feridos. Apenas fazer campanha para as eleições autonómicas de 1 de Março no País Basco.

O presidente do Governo autónomo basco, Juan José Ibarretxe, do moderado Partido Nacionalista Basco, PNV, condenou o atentado. O presidente da câmara de Madrid, Alberto Ruiz-Gallardón, pediu serenidade e o ministro do Interior espanhol, Perez Rubalcaba, disse que o atentado "ratificou a decisão tomada [domingo] pelo Supremo [Tribunal]"

In DN

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Ministro da Justiça espanhol renuncia ao cargo



O ministro da Justiça espanhol, Mariano Fernández Bermejo, anunciou nesta segunda-feira a sua demissão pela polémica causada por participar numa caçada com o juiz Baltasar Garzón, da Audiência Nacional.

Bermejo recebeu duras críticas da oposição e também de membros destacados do Partido Socialista (PSOE), do governo, pelo incidente com o magistrado, à frente de um caso de suposta corrupção que afecta membros do Partido Popular (PP), o principal da oposição.

Além disso, na semana passada o responsável pela pasta da Justiça teve de enfrentar a primeira greve de juízes na história da Espanha.

Bermejo comunicou a sua renúncia esta manhã ao presidente do governo, José Luis Zapatero, no palácio do governo, justificando que se devia ao facto de não poder tolerar a "utilização" que está a ser feita do seu encontro com Garzón. Neste sentido, o melhor que pode fazer pelo projecto do governo é deixar o lugar.

O agora ex-ministro participou numa caçada na província de Jaén, no sul da Espanha, sem a licença devida. A atitude foi reprovada durante o fim-de-semana por Mariano Rajoy, líder do PP, que exigiu a sua renúncia durante campanha eleitoral na Galícia.

Em declarações à rádio Onda Cero, o presidente do Congresso dos Deputados, José Bono, disse que o episódio da caçada não agradou nada à imensa maioria do PSOE.

Bermejo, de 61 anos, estava no cargo desde 7 de Fevereiro de 2007, substituindo Juan Fernando López Aguilar.

In Msn Notícias

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Emilio revoltou-se contra a ETA e agora teme pela vida


PATRÍCIA VIEGAS

País Basco. Ataque de fúria suscita aplausos e condenações


Justiceiro do povo para os que admiram o facto de ter destruído as vitrinas de uma taberna basca que serve para financiar a ETA. Fascista para os que simpatizam com os etarras e seguem a lei do silêncio por eles imposta. Assim é apelidado, por estes dias, na comarca de Goyerri, País Basco, Emilio Gutiérrez, que atacou à marretada a taberna de Lazkao, depois de um atentado no mesmo município ter destruído a casa que acabara de renovar. E para a qual pretendia ir viver com a namorada. Agora Emilio, de 35 anos, teve de fugir, com medo de ser morto pelos terroristas.

Ninguém sabe se o acto foi premeditado ou representa apenas um ataque de raiva por parte de quem cedo se habituou a remar contra a corrente em terras de simpatizantes pró-ETA - o pai de Emilio, Lucio Gutiérrez, foi vereador pelos socialistas em Lazkao entre 1983 e 1991. O que é certo é que o caso entrou de imediato na campanha para as eleições de domingo. "Vai ser muito difícil poder voltar à sua aldeia, porque já está na lista das pessoas ameaçadas pela organização terrorista", disse Patxi López, candidato socialista ao governo autónomo basco. O seu rival do PP, Antonio Basagoiti, ofereceu--se mesmo para defender Emilio, que foi detido depois de atacar a taberna.

Esta foi a sua maneira de dizer basta à ETA, que na segunda-feira fez explodir uma bomba na sede socialista de Lazkao, causando grandes danos materiais na sua casa. No meio do ataque de fúria ainda teve tempo para rasgar cartazes da Democracia 3 Millones, a plataforma independentista que a justiça espanhola ilegalizou recentemente e impediu de concorrer às eleições autonómicas. Aproveitando o ataque de Emilio Gutiérrez, uma centena de simpatizantes desta formação manifestou-se na quarta-feira, em Lazkao, para protestar contra o encerramento do estabelecimento. O facto de esta taberna continuar aberta, mesmo depois de o juiz Baltasar Garzón a ter mandado embargar, em 2002, relançou também o debate sobre as tabernas do povo que servem de financiamento encapotado à ETA.

In DN

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Rumam a outras paragens
Emigração

Esgotou-se o filão do trabalho na construção em Espanha

O filão de Espanha esgotou-se. Milhares de trabalhadores da construção civil rumam a outras paragens ou regressam a Portugal, onde se continua a ganhar pouco. Tão pouco que já se perspectiva um dia de paralisação geral nas obras.

É preciso lutar pela dignificação do trabalho, sublinha Albano Ribeiro. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção do Norte e Viseu recorda que um operário qualificado, em Portugal, ganha 530 euros. \"Os trabalhadores são forçados a sair do país e, muitas vezes, a morrer nas estradas\", acrescenta. A luta dos operários deverá centrar-se no estabelecimento de um salário mínimo de 800 euros.

\"Há casas de luxo construídas com salários de 530 euros. Os trabalhadores são obrigados a fazer muitas horas. Morrem a trabalhar\", denuncia Albano Ribeiro. Factos: em 2006, 11 operários morreram em obras ao fim-de-semana. O cansaço potencia acidentes.

\"Os salários são negociados em sede de contratação colectiva de trabalho\", explica Reis Campos, presidente da AICCOPN - Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, lembrando que desde 1979 houve sempre acordo com pelo menos uma frente sindical, à excepção de 2004. O dirigente admite, ainda assim, que o sector \"vive a mais profunda crise de que há memória\" e alerta que será preciso um \"novo ciclo de investimento\" para impedir o aumento do desemprego, com o regresso de muitos operários que estavam em Espanha.

\"Dificilmente regressam a Portugal\", diz, contudo, Albano Ribeiro. Dos 90 mil operários que rumaram a Espanha, restam 60 mil. O êxodo intensificou-se nos últimos meses, com a saída de mais 20 mil. A maioria dos trabalhadores portugueses que se viram forçados a deixar Espanha por falta de obras rumou a outros países, como França, Inglaterra Suíça ou Noruega.

Albano Ribeiro teme mesmo que a falta de mão-de-obra qualificada se faça sentir nas grandes empreitadas que se avizinham, como o TGV ou o novo aeroporto.

O sindicalista estima que, a prazo, serão precisos cerca de 80 mil trabalhadores . \"Não temos essa gente\", admite. Aliás, Albano Ribeiro indica que nas obras nacionais já se recorre ao trabalho de emigrantes sem qualificação e em regime precário. \"Há milhares a pagar para trabalhar. Recebem 400 ou 500 euros e são obrigados a pagar os meios de protecção pessoal, como botas, capacetes e auriculares\", denuncia.

\"Não é pelo simples facto de alguns trabalhadores serem oriundos de outros países que nos permite concluir pela sua maior ou menor preparação. No nosso sector, como em qualquer outro, é do interesse das empresas assegurar a formação necessária e adequada\" contrapõe Reis Campos.

Hugo SIlva in
In DTM

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ETA preparava atentado contra rei Juan Carlos

12 ABR 09 às 22:42



A polícia francesa descobriu um plano da ETA que previa um ataque ao rei de Espanha Juan Carlos, através de um míssil que seria disparado contra o avião em que o monarca se deslocava.

Os documentos foram descobertos em Abril de 2004 e agora revelados por um jornal basco, que traz detalhes sobre este possível atentado.

A polícia francesa descobriu estes documentos na casa de um suposto activista da ETA no País Basco francês.

Além da morte do rei Juan Carlos, o plano previa também a morte de alguns membros do governo espanhol.

In TSF

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Espanha prende 13 suspeitos de financiar Al Qaeda



A polícia da Espanha prendeu na madrugada de hoje, em Bilbao, no País Basco, 12 argelinos e um iraquiano suspeitos de pertencer a um grupo que traficava drogas e usava parte do lucro para financiar a rede terrorista islâmica Al Qaeda no Magreb.

"As prisões foram desencadeadas por crimes comuns e uma investigação está actualmente em curso para ver se alguns dos réus financiavam terrorismo", disse o ministro do Interior Alfredo Perez Rubalcaba, no Parlamento.

Segundo a imprensa espanhola, a operação foi coordenada pelo juiz Eloy Velasco da Audiência Nacional, principal instância penal espanhola, responsável pelos casos de terrorismo.

A imprensa afirma ainda que o grupo roubava e falsificava cartões de crédito e que fazia parte da Magreb islâmica, o braço da Al Qaeda no norte da África.

A polícia confiscou passaportes e objectos de ouro e prata roubados, além de 7500 euros em dinheiro.

A Al Qaeda já afirmou anteriormente que reúne todos os esforços para retomar territórios da Espanha, conhecidos como Al Andalus, que ficaram por séculos sob controle dos muçulmanos.

In Msn Notícias

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Inspector de brigada anti-terrorista foi alvo de bomba-lapa em ataque atribuído à ETA

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Incêndios em Espanha já fizeram 7 mortos, 3 mil desalojados e 15 mil hectares de floresta destruídos

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Governo espanhol acredita estar a vencer a ETA

Hoje às 14:00



O ministro espanhol do Interior mostrou, este domingo, acreditar que o Governo está a vencer a luta contra a ETA. Dias depois de um novo atentado da rede separatista, Alfredo Perez Rubalcaba disse que acabou o diálogo com a rede separatista, que está mais perigosa.

http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1323974

- Cláudia Arsénio apresenta as declarações de Alfredo Perez Rubalcaba sobre a ETA

Numa entrevista à rádio Cadena Ser, o ministro sublinhou que o governo espanhol nunca vai desistir da luta contra a ETA, considerando que o Executivo liderado por José Luís Rodriguez Zapatero está a vencer essa batalha.

«Se em 50 anos não desistimos, não vamos desistir agora que estamos melhor», afirmou, acrescentando que em 50 anos deu para perceber que o Governo vai ganhar e que o final da rede separatista «não vai ser dialogado».

Alfredo Perez Rubalcaba alertou, no entanto, que apesar de mais enfraquecida, a ETA está mais perigosa.

O ministro espanhol do Interior reafirmou ainda que a ETA tem de depor as armas para que o Batasuna, braço político da rede separatista, possa ser legalizado.

O Batasuna tem de «deixar a violência unilateral e incondicionalmente e para sempre» para poder ser legalizado, reforçou.

Alfredo Perez Rubalcaba assegurou também que acabaram as palavras com a ETA e que não vai desistir enquanto não erradicar o grupo terrorista.

Quanto ao atentado desta semana nas Baleares, o ministro lembrou que foi activado um «mecanismo policial extraordinário» no local para localizar os autores.

In TSF

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Duas bombas explodiram em Palma de Maiorca (actual.)

Hoje às 16:49



Duas bombas explodiram, este domingo, em dois restaurantes em Palma de Maiorca, nas ilhas Baleares, depois de a organização separatista armada basca ETA ter feito um telefonema a avisar, segundo os media espanhóis.

O ministério do Interior espanhol e a prefeitura das Baleares já confirmaram, entretanto, o ataque da organização separatista basca.

Segundo a agência Europa Press, os engenhos explosivos eram de fraca potência e não terão provocado feridos graves.

O primeiro engenho explodiu dentro do restaurante La Rigoletta e o segundo no restaurante Enco, situados na mesma zona.

A ETA reivindicou um atentado perpetrado a 30 de Julho do qual resultaram mortos dois guardas civis na Ilha de Maiorca.

Poucas horas antes, a organização separatista basca reinvindicou a autoria dos atentados de Burgos, no país Basco, no passado dia 28 e de Palma de Maiorca, apenas dois dias depois.

Num comunicado enviado ao jornal Gara, conotado com os separatistas, a ETA diz que, «às armas de Espanha responderá também com armas».

A rádio Cadena Ser avança que uma rádio do país basco recebeu esta manhã dois telefonemas da ETA, em que a organização avisava que iria colocar três bombas em outros tantos estabelecimentos hoteleiros de Maiorca.

Bombas que deveriam rebentar, alertavam os telefonemas, entre as 14 e as 16 desta tarde, horas locais.

In TSF

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Governo espanhol confirma explosão de terceira bomba
Há 8 mins

O governo espanhol confirmou a explosão de uma terceira bomba na ilha de Maiorca. A informação está a ser avançada pela agência Reuters.

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Três etarras presos tinham material pronto para atacar

por P.V.
Hoje



Os três etarras ontem detidos nos Alpes franceses tinham na sua posse dezenas de detonadores e artefactos prontos a explodir e faziam parte do aparelho militar e logístico da organização basca.

A confirmação foi feita pelo ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, que, apesar de garantir que os detidos eram dos mais procurados, não pôde precisar se estão directamente relacionados com os últimos atentados em Burgos e Maiorca.

"Eram responsáveis por fornecer armas, munições e explosivos aos comandos etarras", declarou o ministro do Interior espanhol, enquanto o primeiro-ministro Rodríguez Zapatero se congratulou com as detenções a partir da ilha de Lanzarote - onde está de férias.

Na detenção dos indivíduos, que estavam armados, foram apreendidos duas dezenas de recipientes plásticos de cozinha e 42 detonadores industriais. Tais artefactos são muitas vezes usados como bombas lapas. Já tinham colocado a instalação eléctrica, mas faltava-lhes o material explosivo e os detonadores.

Os três homens detidos foram identificados como Aitzol Etxaburu, Alberto Machain e Andoni Sarasola. O primeiro era um dos terroristas mais procurados pela polícia e estava em fuga desde 2005. Seria actualmente o líder do aparelho militar da organização basca.

Etxaburu era considerado muito próximo de Txeroki, líder etarra preso em França em 2008. Entre as suas ordens constava o estabelecimento de uma base permanente da ETA em Portugal. Hipótese que os espanhóis não ousaram ainda descartar definitivamente.

Beraza aparecia nos cartazes de etarras mais procurados, recentemente divulgados pelas autoridades espanholas, a seguir ao atentado contra o quartel da Guardia Civil, em Maiorca, que custou a vida a dois agentes.

Sarasola é irmão de Martín Sarasola, etarra condenado pelo atentado contra o terminal 4 do aeroporto de Barajas, em 2006, o qual matou dois cidadãos equatorianos que estavam a dormir num carro.

No mesmo dia foram apreendidas uma centena de quilos de nitrato de amónio e uma dúzia de litros de nitometano num esconderijo da ETA, em Ferrières, França

In DN

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Zapatero quer subir a idade da reforma para 67 anos

por SUSANA SALVADOR
Hoje


Oposição e sindicatos criticam a proposta, mas Governo diz que é a única solução para que o sistema continue sustentável

Os espanhóis que celebram 51 anos em 2010 acabam de receber uma prenda envenenada do Governo: terão de trabalhar mais dois anos do que pensavam, com os socialistas de José Luis Zapatero a proporem o aumento da idade de reforma dos 65 para os 67 anos. Um aumento que será progressivo: mais dois meses de trabalho por ano a contar de 2013 (começando por isso por afectar os nascidos em 1948), e que estará totalmente implementado em 2024.

"É uma proposta. Temos muito tempo para discutir", disse a ministra da Economia, Elena Salgado, confrontada com as críticas da oposição e dos sindicatos. Só os patrões, que defendem o aumento da idade da reforma para os 70 anos, estão satisfeitos. Para o Partido Popular (à frente nas sondagens para as eleições de 2012), a proposta "é começar a casa pelo telhado", enquanto que a Esquerda Unida defende que este é "o maior golpe ao modelo social".

O aumento da idade da reforma já foi aplicado noutros países europeus, como Alemanha ou Reino Unido. Em Portugal, o efeito é o mesmo. O chamado "factor de sustentabilidade" determina cortes nas pensões à medida que aumenta a esperança média de vida. Assim, este ano, os trabalhadores que se quiseram reformar aos 65 anos têm de trabalhar mais dois a cinco meses (dependendo da carreira contributiva), para evitar um corte de 1,65% na pensão. Trata-se de uma solução mais progressiva, mas que cria alguma incerteza quanto às futuras reformas.

O sistema de segurança social espanhol ainda não se encontra no vermelho, sendo viável nos actuais moldes até 2023. "Se nós queremos que continue sustentável para lá de 2023, é necessário fazer reformas", disse o ministro do Trabalho, Celestino Corbacho. Até agora, contudo, o ministro mostrava-se contra o aumento para os 67 anos, preferindo antes iniciativas para incentivar o adiar voluntário da idade da reforma. Actualmente, a idade real de abandono da vida activa é de 63,6 anos.

Em estudo está também passar a usar os últimos 20 anos de descontos e não apenas os últimos 15 para fazer o cálculo, o que a longo prazo significa pensões mais baixas. A proposta dos socialistas passa ainda por aumentar a idade mínima para a pré-reforma (hoje nos 52 anos).

A culpa para esta mudança, diz o Governo, é do aumento da esperança média de vida, que poderá por em causa o actual sistema de Segurança Social. Segundo o Instituto Nacional de Estatística espanhol, se nada mudar, em 2049, por cada dez pessoas potencialmente no activo (com idades entre os 16 e os 64 anos), haverá nove inactivos (crianças com menos de 16 anos, mas principalmente idosos com mais de 64 anos).

in DN

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Crise bloqueia capital de Espanha

por MARIA DE LURDES VALE
Hoje


Madrid é reflexo da difícil situação que se vive no país vizinho. Centenas de comerciantes já declararam falência

Rosa não tem dúvidas sobre o que fazer para enfrentar a grave crise que se vive em Espanha: Há que agarrar o touro pelos cornos e seguir em frente. Vive e trabalha há mais de 26 anos no centro de Madrid, numa das ruas do privilegiado Bairro de Salamanca, e diz que nunca viu uma situação igual. Tem 65 anos, três filhos já criados, mas precisa de ajudar a mais nova, que está desempregada e com duas crianças pequenas. As rosas, as orquídeas, as margaridas, que antes desapareciam todos os dias do seu pequeno quiosque, pelo qual paga anualmente à câmara cerca de quatro mil euros, acabam agora por murchar depois de três ou quatro dias na mesma jarra. Um sinal dos tempos, lamenta, embora reconheça que as flores são um artigo de luxo que nem todos ou todas podem neste momento dar e receber.

Dois passos abaixo da florista fica a principal avenida comercial de Madrid, a conhecida calle Serrano, que é um autêntico estaleiro de obras desde Novembro de 2008. Não é a única zona da cidade que está assim, mas por ser a mais central e onde estão as lojas mais caras - falamos de marcas como Gucci, Prada, Loewe, El Corte Inglês, Bulgari, entre tantas outras - é também a mais visivelmente desfigurada.

Os passeios desapareceram para dar lugar a barreiras de plástico brancas e vermelhas que ajudam a sinalizar o caminho que os peões devem seguir. Os buracos, a lama e o pó amontoam-se e o barulho das escavadoras é insuportável. Os acessos às lojas, cafés ou hotéis fazem-se por entre separadores metálicos ou passadeiras improvisadas. Estas obras na Serrano e nas principais transversais desta avenida, como a calle Goya ou a Ortega y Gasset, provocam o caos no trânsito e dores de cabeça nos já poucos transeuntes que por ali passam. Para além disso, já obrigaram muitos comerciantes a declarar falência.

Poucos entendem a necessidade de construir parques de estacionamento subterrâneos e de novos passeios numa altura de crise. Mas a verdade é que esta artéria madrilena é uma imagem do que está a suceder em todo o país com a utilização que os municípios estão a fazer das verbas que o Governo de Zapatero disponibilizou no início do ano passado para que fossem criados mais empregos, 400 mil, sobretudo no sector da construção civil.

Trata-se do famoso Plano E (Plano espanhol para o estímulo da Economia e do Emprego) que, através do Fundo Estatal de Investimento local, libertou mais de oito mil milhões de euros para obras de competência municipal e de execução imediata.

Madrid, como tantas outras cidades do país, apresentou os seus projectos de intervenção, mas a altura não foi a mais propícia para quem vive do pequeno e médio comércio.

É o caso do alfaiataria Rafael, que exibe na montra o cartaz de liquidação total, preparando-se para fechar as portas em Março. Gregório, empregado nesta loja há mais de 25 anos e pronto a reformar-se, conta-nos que os tempos são de aperto e que não é possível continuar a pagar uma renda de 3600 euros e mais os salário a oito pessoas se não há clientes. Aqui vestiam-se políticos e muitos conhecidos, mas agora não vem ninguém por culpa das obras e da crise.

No Hotel Petit Palace Embassy, situado quase em frente à Plaza Colon, onde está hasteada a maior bandeira espanhola, os tempos também são de sacrifício. A directora confessa que no último ano teve uma quebra de 50% no número de clientes. "Chegam aqui, deparam-se com estas obras, reclamam e vão-se embora", afirma, consciente de que estes turistas nunca mais voltarão a um hotel que não tem uma entrada decente, que tem pó por todo o lado e onde nem sequer há lugar para o estacionamento de um táxi.

O cenário no centro da capital espanhola é desolador e nem mesmo os saldos, com descontos de que vão entre os 50 e os 70%, animam o comércio na Serrano.

As obras, tal como a crise, parecem ter vindo para ficar em Madrid.

Melhores dias virão, assim reage quem pede esmola na rua e que ficou sem emprego há menos de dois anos.

In DN

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Zapatero cumpre dois anos com PP à frente nas sondagens

por MARIA DE LURDES VALE
Hoje


Governo sobe o IVA em dois pontos para poder pagar subsídios a 500 mil desempregados

Se o Presidente do Governo espanhol acreditasse em milagres pediria que Espanha pudesse sair o mais rapidamente possível da difícil situação em que se encontra. A crise é grave. E Zapatero, que cumpre hoje dois anos do segundo mandato, tem mais razões para franzir a sua mediática sobrancelha do que para sorrir. As mais recentes sondagens demonstram que os cidadãos perderam a fé no Executivo socialista e que a vantagem que o PSOE (43,6%) tinha sobre o PP (40,1%) se esfumou em 24 meses. O último estudo de opinião, divulgado domingo pelo El País, demonstra que se as eleições legislativas fossem agora os populares ganhariam aos socialistas com seis pontos de vantagem – 43,4%.

O que levou a que isto acontecesse? O desemprego e uma reacção tardia por parte do Executivo socialista. Todos os dias, há centenas e centenas de pessoas que ficam sem trabalho. Neste momento, são 4.300 mil indivíduos e a previsão oficial é a de que a taxa de desemprego vai tocar os 20% no final de Março e alcançar os 21% no início do próximo ano. A percepção da grande maioria dos espanhóis, reflectida nas sondagens, é que o Governo tem andado a improvisar nas medidas para resolver a crise. E a imagem de Zapatero é hoje a de um líder que não inspira confiança.
O esforço de protecção social é imenso. O próprio Presidente do Governo reconheceu numa entrevista na segunda-feira à TVE que há 3.100 mil pessoas que estão a receber subsídio de desemprego. O problema é que o recheio das arcas do Estado também começa a diminuir. Em dois anos, as receitas públicas passaram de 41,1% do PIB para 34,6% e Zapatero já se viu obrigado a anunciar que o IVA vai aumentar de 16 para 18% a partir de Julho, justificando que esta medida “vai permitir pagar os subsídios de desemprego a 500 mil pessoas”.

Certo é que a crise se foi consolidando nestes últimos dois anos e o Governo mudou o seu discurso. De simpático para austero. Com um défice de 11,4%, uma contracção do PIB de 3,6% e uma dívida externa de 55,2%, Zapatero foi obrigado aos poucos e poucos a usar palavras como rigor e a abrandar o ritmo das iniciativas sociais que marcaram o seu primeiro mandato.

“Não consegui prever a magnitude desta crise económica”, disse na televisão, “e considero-me responsável por cada um dos desempregados deste país”, acrescentou. A solução qual é?, perguntaram-lhe os entrevistadores. Respondeu que “há que somar forças”, o que significa pedir ao PP que aceite celebrar em breve um pacto sobre a economia, um gesto que “será gerador de confiança”. Com esse acordo, poder-se-á, por exemplo, facilitar mais crédito às pequenas e médias empresas, 200 mil euros para cada uma, que serão financiados pelo Estado (no ano passado, foram canalizados 19 milhões de euros para este objectivo). O PP, que soma e segue votos à custa de crise, quer baixar os impostos e também não acredita em Zapatero. Ainda ontem, nas Cortes, os populares fizeram questão de lembrar todos os slogans que o PSOE utilizou na última campanha eleitoral e que agora escutados soam a falso.

Os analistas, da esquerda à direita, não valorizam as 137 medidas económicas que o Governo tomou ao longo destes dois anos e preferem assinalar as cada vez maiores contradições entre Zapatero e os seus ministros. O que se comenta é que o Executivo está órfão de uma direcção firme que marque objectivos e defina acções e basta ler os editoriais de jornais como o El País e El Mundo para se perceber que ninguém perdoa a deriva de Espanha.

Ao PP resta-lhe esperar que a crise continue a fazer os seus estragos e que o Governo nem sequer consiga terminar a legislatura. Mariano Rajoy, que já perdeu duas eleições gerais contra Zapatero, e que tem gasto mais tempo com os problemas do partido do que com o Executivo, acredita em milagres. Principalmente naquele de que “há terceira é de vez”.

In DN

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Rajoy diz que apoio a Garzón "é antidemocrático"

por PATRÍCIA VIEGAS
Hoje

O líder do Partido Popular, Mariano Rajoy, exigiu ontem a demissão imediata do secretário de Estado da Política Territorial, Gaspar Zarrías, depois de este ter participado na terça-feira numa homenagem a Baltasar Garzón.

Rajoy, que falava em Fontanar, perto de Guadalajara, considerou que o acto de apoio organizado pelos sindicatos UGT e CCOO "é claramente anti-democrático". O líder da oposição espanhola disse que a defesa da independência do poder judicial é "algo básico" no sistema democrático e lembrou que "todas as pessoas são iguais perante a lei. Chamem-se Garzón, chamem-se Pérez ou Fernández".

Na terça-feira, sindicalistas, alunos, professores, antigos procuradores e políticos, reformados e, pelos vistos no activo, reuniram-se na Universidade Complutense de Madrid para apoiar o juiz da Audiencia Nacional, acusado de prevaricação por se ter declarado competente para julgar crimes cometidos na Guerra Civil de Espanha e na era franquista.

Ontem, na Argentina, dois familiares de vítimas da ditadura de Franco apresentaram queixa por genocídio e crimes contra a humanidade, à luz do princípio da jurisdição universal. Este já foi várias vezes invocado por Garzón, juiz que ficou famoso por ter mandado prender em Londres Augusto Pinochet. No caso dos crimes franquistas, ordenou exumações de várias valas comuns, sendo a mais famosa a de García Lorca

In DN

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Baltasar Garzón presta hoje declarações no Supremo

por Lusa
Hoje


O juiz Baltasar Garzón presta hoje declarações perante o Tribunal Supremo (TS) espanhol como arguido num processo relacionado com dinheiro que alegadamente recebeu do Banco Santander quanto esteve na Universidade de Nova Iorque entre 2005 e 2006.

É a segunda vez que Garzón presta declarações no TS depois de ter sido ouvido em Setembro de 2009, pela sua actuação no caso da investigações do franquismo, processo pelo qual será julgado pelo mesmo tribunal e pelo qual poderá ser suspenso temporariamente pelo Conselho Geral do Poder Judicial (CGPJ).

Garzón será ouvido hoje pelo magistrado instrutor do caso, Manuel Marchena.

O processo baseia-se numa queixa de dois advogados, José Luiz Mazón e Antonio Panea, que consideram que Garzón incorreu em prevaricação e suborno por ter recebido 302 mil euros do Santander para posteriormente, quando regressou a Madrid, arquivar um processo contra responsáveis do banco espanhol, incluindo o seu presidente Emílio Botin.

Garzón considera que não esteve envolvido na gestão ou administração dos fundos com que o Santander patrocinou as suas conferências no Centro Rey Juan Carlos I da Universidade de Nova Iorque, insistindo que as suas receitas não procederam desse patrocínio.

Além deste processo, Garzón está envolvido em mais dois junto do Tribunal Supremo, um apresentado por duas organizações de extrema direita que o acusam de prevaricação por decidir investigar os crimes do franquismo.

O terceiro processo refere-se a ordens que deu para serem escutadas conversações entre alguns dos arguidos no caso Gurtel - que investiga corrupção e envolve dezenas de dirigentes e militantes do PP - e os seus advogados. Estas escutas foram posteriormente anuladas pelo Tribunal Superior de Justiça de Madrid que as considerou "ilícitas".

In DN

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Rei Juan Carlos já saiu da sala de operações

por Lusa
Hoje


A intervenção cirúrgica a que foi submetido o rei espanhol, Juan Carlos, no Hospital Clínico de Barcelona, já terminou, ao fim de duas horas e meia, anunciou fonte da Casa Real.

O rei de Espanha chegou ao Hospital Clínico de Barcelona por volta das 06:30, tendo dado entrada na sala de operações às 08:20 para ser submetido a uma extração de um nódulo no pulmão direito.

A equipa médica que, no final de abril, coordenou o último conjunto de exames médicos, que o rei faz anualmente, "considerou necessário analisar possíveis alterações morfológicas de uma calcificação no pulmão direito, já detetada em estudos feitos em anos anteriores", adiantou a Casa Real.

Os exames feitos no passado dia 28 de abril acabaram por revelar a existência de "um nódulo com 19 por 12 milímetros, situado na zona apical do lóbulo superior do pulmão direito, assim como a existência de actividades noutras localizações".

Com base nestes resultados, a equipa médica entendeu ser "necessário avançar para a remoção e estudo anatomopatológico do respetivo nódulo", precisaram as mesmas fontes.

A Casa Real e o governo espanhol já garantiram que o tempo em que o Rei vai estar sedado por causa da intervenção cirúrgica não o impede de levar a cabo o normal exercício das suas funções, adiantou à agência espanhola de notícias EFE.

Nesse sentido, e de acordo com a mesma fonte, não foi necessário adotar qualquer medida prevista na Constituição espanhola para uma eventual incapacidade do Chefe de Estado.

Mesmo assim, a Casa Real cancelou duas actividades que o Rei Juan Carlos tinha marcadas na sua agenda para a próxima semana: a entrega de cartas credenciais aos novos embaixadores na terça feira e uma visita à unidade de infantaria da marinha em Cartagena prevista para quarta feira.

In DN