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PS e PND em guerra por Coelhopor LÍLIA BERNARDES
Hoje
Socialistas acusam PND de sequestrar candidato. Nova Democracia fala em tentativa de linchamento do PS.Logo na noite das presidenciais, Jacinto Serrão, líder do PS/Madeira, relançou a ideia de se constituir uma "plataforma democrática" com todos os partidos da oposição regional, proposta lançada em Agosto na festa anual socialista. Em simultâneo, José Manuel Coelho colocava a hipótese de liderar uma "plataforma cívica" constituída por cidadãos que "lutam contra o jardinismo e a corrupção".
Baltazar Aguiar, dirigente do PND, acusa os socialistas de "assediarem" Coelho. O político que conquistou 39% na região, em declarações ao DN do Funchal, apontou o dedo ao secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, que desmentiu esse contacto. Mas há tentativas de aproximação centradas nas regionais de Outubro. E coloca--se o problema: como é que o PS/M lida com os ataques de Coelho ao Governo de Sócrates, a quem chamou "chefe dos ladrões"?
No ano passado, o líder socialista reuniu-se com os partidos da oposição para avançar com a plataforma. Enquanto defendia acordos de incidência parlamentar, o PND colocava a fasquia alta: coligação para disputar eleições ou nada, sabendo de antemão que o PS nunca aceitaria a proposta. A "plataforma" de Jacinto Serrão começou a agonizar, com o CDS a afastar-se, o PCP e o BE a trabalharem à margem. Agora, o efeito Coelho, que esmagou o PS, leva alguns dirigentes socialistas a ponderarem de novo o cenário.
O PND não admite que Coelho fale em nome individual, pois é deputado do partido que patrocinou a sua candidatura, recolhendo assinaturas e planificando a campanha; e acusa o PS/M de "liderar uma operação terrível, com o objectivo estrangular o PND e linchar o Coelho". "Andam todos nervosos, mas não vão concretizar o objectivo, que é capitalizar votos à custa dos outros", diz Baltazar Aguiar ao DN.
Ontem, o caso foi ainda mais estranho. José Carlos Gouveia, ex-líder do PS/M, agendou uma conferência de imprensa juntamente com Coelho para este se retractar das afirmações feitas à RTP Madeira de que teria sido o PS a avançar com o dinheiro de uma indemnização cível, paga por Gouveia a Jardim, resultante de um processo de difamação. A verdade é que ninguém dentro do PND tinha conhecimento dessa conferência a dois, o mesmo acontecendo no PS. O PND não autorizou que Coelho comparecesse. Gouveia saudou o seu amigo "revolucionário", alegando que este se encontra "sequestrado" pelo partido e avisando que a "opinião pública desconhece os meandros de todo o envolvimento entre o PND e José Manuel Coelho", dado os "objectivos genuínos" do ex-candidato a Belém "e os interesses específicos dos dirigentes do PND", que são "aniquilar a oposição".
Alberto João Jardim, que olhava para Coelho como o "idiota útil" que só faz o que os "fascistas da Madeira velha, os ingleses e os antigos senhorios" mandam fazer, estava preocupado, mas começa a descontrair se continuar a guerra entre PS e PND.
Coelho dá hoje uma conferência de imprensa e esperam-se definições. O PND não quer que o ex-candidato a Belém, no meio deste barulho, volte a sentar-se no Parlamento madeirense, onde se distinguiu por usar um relógio de cozinha ao pescoço e desfraldar a bandeira nazi em sinal de protesto contra o "regime jardinista".
In DN
Dom Jan 30, 2011 11:29 pm
