.
70 criadores na região
Distrito de Bragança Cão de Gado Transmontano afugenta lobos Cão de Gado Transmontano tem contribuído para a diminuição dos ataques de lobos aos rebanhos da região.
Saem para o monte ainda antes de nascer o sol para acompanharem os rebanhos que calcorreiam as pastagens do Parque Natural de Montesinho (PNM). São amigos dos animais e das pessoas e não deixam que os lobos se aproximem dos rebanhos. O Cão de Gado Transmontano é um exemplar reconhecido que, segundo os pastores, tem contribuído para a diminuição dos ataques dos lobos aos animais que dormem nas imediações das aldeias.
O Jornal NORDESTE encontrou dois dos mais antigos criadores de cães desta raça na aldeia de Travanca, no concelho de Vinhais, que enaltecem o trabalho levado a cabo por estes animais para proteger as cabras, as ovelhas, mas também as vacas que andam no pasto.
Francisco Gomes pastoreia um rebanho com cerca de 300 cabeças e não dispensa a companhia de quatro Cães de Gado Transmontano. O animal mais antigo tem 10 anos. Chama-se “Luna” e não larga o rebanho de vista, ao mesmo tempo que faz companhia ao dono. “Quando chegam fazem buscas no monte para reconhecer o terreno. Depois estão aqui junto ao rebanho e quando começa a fazer calor abrigam-se em sombras nas imediações”, conta o pastor de Travanca.
Francisco cria cães desta raça desde o seu reconhecimento, em Abril de 2004, e mantém o primeiro exemplar, apesar da idade. “A «Luna» é a mãe do «Tarzan» e do «Maradona». Tenho também a «Shakira«, que já é neta da «Luna»”, enaltece o criador.
Com nomes de estrelas, estes animais são verdadeiras estrelas para os donos, que não dispensam a sua companhia. “Durante a sesta o rebanho fica numa cerca à sombra. Eu vou descansar e são os cães que guardam as ovelhas”, salienta este habitante de Travanca.
Criadores enaltecem a inteligência e a lealdade desta raça de animaisPastor há 21 anos, Francisco Gomes afirma que os antigos rafeiros usados para guardar o gado não tinham a imponência, nem a inteligência do Cão de Gado. “Estes cães são meigos. É muito difícil atacarem uma pessoa. E são bons para os lobos. A função deles é proteger os rebanhos”, realça o pastor.
A inteligência destes animais faz com que eles identifiquem os membros do rebanho que pertencem ao seu dono. “Se ficar um cordeiro no campo eles ficam a guardá-lo até eu ir lá buscá-lo. Já me aconteceu ter um animal doente que não foi até casa, o cão ficou ao pé dele, um senhor queria agarrá-lo e o cão não deixou”, reforça Fernando Gomes.
Para além de companheiros dos rebanhos, estes animais são cada vez mais procurados por pessoas que têm quintas e não resistem à beleza destes exemplares. O presidente da Junta de Freguesia de Travanca, Adelino dos Santos, também é criador desta raça e garante que já perdeu a conta aos animais que deu a amigos e pessoas e conhecidas.
Adelino já não tem rebanho há alguns anos, mas garante que vai continuar a criar Cães de Gado Transmontano pelo amor que tem a estes animais. “Eu tenho estes animais porque gosto deles e porque me ajudam a guardar as vacas”, garante o criador.
Adelino é dono de um macho com nove anos, a quem chama “Rex”, também pela sua antiguidade. “É um bom exemplar, mas já está a ficar velho. Tenho também a «Tucha» e o «Jordão», que é o mais novo”, enaltece.
O veterinário Duarte Diz Lopes caracteriza esta raça como sendo um cão corpulento, forte, rústico, resistente às doenças, vigilante, hábil, dócil com as pessoas, mas reservado e está habituado às condições da região.
70 criadores na regiãoOs 70 criadores de Cães de Gado Transmontano já registaram cerca de 1800 animais, desde o seu reconhecimento pelo Clube de Canicultura Português.
A Associação de Criadores, sedeada em Vinhais, representa a raça a nível nacional, promove a exposição monográfica e dá apoio na realização dos concursos.
Duarte Lopes realça que a maior parte dos exemplares encontram-se na região transmontana, apesar destes animais suscitarem o interesse das pessoas e já haver exemplares espalhados por outras zonas do País.
A par do Cão de Gado Transmontano, também o cão de virar é indispensável a qualquer pastor. No entanto, esta raça ainda não é reconhecida. “Os cães ainda não estão classificados como uma raça pura, mas pode surgir uma nova raça”, salienta Duarte Lopes,
Teresa Batista, Jornal Nordeste, 2010-09-10
In DTM