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Fusão Commerzbank/Dresdner cria segundo maior banco alemãoSector financeiro. Negócio envolve 9,8 mil milhões de eurosRedução de nove mil empregos a partir do fim de 2011
A megaquisição do Dresdner Bank pelo Commerzbank foi ontem recebida com cepticismo pelos mercados, que consideram a operação altamente arriscada. Mas a classe política alemã congratulou-se com o aparecimento de um novo "peso-pesado" da alta finança.
"Aproveitámos uma oportunidade única para a compra do Dresdner", afirmou em conferência de imprensa em Frankfurt, na Alemanha, o patrão do Commerzbank, Martin Blessing. O banco vai tornar-se "mais competitivo ao nível internacional", afirmou, visivelmente satisfeito.
O mesmo entusiasmo era visível nos responsáveis da Allianz que procuraram durante vários meses vender a sua filial bancária, em dificuldades financeiras. "Vemos a consolidação como uma oportunidade para a Alemanha", sublinhou o presidente Michael Diekmann na conferência de imprensa.
A operação, no valor de 9,8 mil milhões de euros, faz nascer um novo gigante bancário na Alemanha, atrás do Deutsche Bank, com 11 milhões de clientes privados e 800 mil milhões de euros de balanço.
O entusiasmo estendeu-se à classe política, atendendo a que a banca alemã permanece muito dispersa. "A fusão reforça a praça financeira alemã", defendeu o ministro das Finanças, Peer Steinbrück, em entrevista ao jornal Rheinische Post.
Já para o porta-voz da chancelaria, esta compra abre uma "perspectiva de consolidação do mercado bancário alemão no interesse da economia", afirmou Ulrich Wilhelm numa conferência de imprensa em Berlim. Wilhelm rejeitou os rumores de que Berlim se teria imiscuído nas negociações para impedir a aquisição do Dresdner Bank pelo banco público chinês CDB, que propunha um preço melhor.
Este cenário tinha a preferência dos representantes dos trabalhadores já que permitiria evitar a anunciada supressão de nove mil empregos. O Commerzbank comprometeu-se, todavia, a não recorrer aos despedimentos até ao fim de 2011.
A supressão dos nove mil postos de trabalho - 6500 na Alemanha e 2500 no estrangeiro - deverá ser conseguida através de acordos amigáveis ou por reformas, mas o Commerzbank não exclui recorrer a despedimentos colectivos, mesmo que estes devam ser considerados como o "último recurso possível".
O entusiasmo dos políticos contrasta com o cepticismo dos analistas. A agência Standard and Poor's, por exemplo, baixou para "negativo" a perspectiva para o Commerzbank, justificando-o com deficiências do Dresdner e com a complexidade da fusão.
In DN