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Colapso de mosteiro ameaça Santo Sepulcro ABEL COELHO DE MORAIS
Religião. Duas denominações cristãs reivindicam controlo do edifício O mosteiro de Deir al-Sultan, em Jerusalém, está na iminência de desmoronamento, pondo em risco a Igreja do Santo Sepulcro sobre a qual se encontra aquele templo, cujas estruturas foram edificadas na primeira metade do século XIX.
A hierarquia da igreja cristã etíope pediu recentemente um parecer técnico sobre o estado desta construção cuja entrada se realiza por uma escadaria que parte da praça do Santo Sepulcro.
O estudo evidenciou a existência de "sérios problemas de estrutura em paralelo com graves problemas técnicos que colocam em risco as vidas dos monges e dos visitantes".
O relatório refere ainda a "existência de perigo real e imediato para a estrutura e para as igrejas vizinhas"; são ainda especificadas várias deficiências na parte eléctrica e nas canalizações.
Vivem hoje no mosteiro 28 monges etíopes. Se fossem forçados a abandonar o local, deixariam de estar representados no espaço do Santo Sepulcro.
O possível desmoronamento desta estrutura construída sobre a Igreja do Santo Sepulcro teria reflexos neste último edifício, cuja construção terá principiado ainda no século III.
Em 2004, o Ministério do Interior israelita ofereceu-se para pagar as reparações do mosteiro, cujo controlo é reivindicado pelos cristãos coptas e etíopes, num conflito que já motivou inclusive decisões do Governo e dos tribunais israelitas.
Em 1971, o Governo israelita determinou que a propriedade de Deir al-Sultan era exclusiva dos cristãos etíopes. A igreja copta recorreu da decisão para o Supremo Tribunal de Israel e este decidiu em sentido oposto ao do Governo. Desde então, um monge copta vive no mosteiro, originando algumas situações de tensão ao longo dos anos.
Tem sido precisamente o conflito entre os ortodoxos etíopes, que ocupam o local, e os coptas, que reivindicam a sua propriedade, que tem impedido qualquer acordo para permitir a realização das obras.
O Governo de Israel continua a oferecer-se para pagar a realização das obras, desde que as duas denominações cheguem a acordo. Mas nem o risco iminente de um desmoronamento consegue ultrapassar as tensões entre coptas e etíopes, que chegaram no passado a travarem batalhas campais para saberem quem controla as sombras no terraço do edifício ou quem fornece a electricidade aos respectivos monges.|
In DN