Preços na Indústria podem subir 3%

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Preços na indústria podem subir 3% por causa da factura do CO2



ANA SUSPIRO

Aquecimento global. Consultora prevê custos adicionais de 10 mil milhões

Electricidade é mais afectada com subidas de 6% a 8% a partir de 2013

O combate contra os gases de efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global, custará à indústria portuguesa 10 mil milhões de euros entre 2013 e 2020. Esta factura irá traduzir-se num aumento anual dos preços das indústrias mais poluentes da ordem dos 3% ao ano, de acordo com projecções divulgadas ontem pela consultora A.T. Kearney.

A indústria eléctrica continua a ser o sector mais pressionado para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa. É que esta actividade não só tem margem para mudar para tecnologias limpas (renováveis), como permite passar mais facilmente o aumento de custos para o consumidor, através da subida dos preços. Além disso é responsável por 60% a 70% das emissões abrangidas pelo mercado de carbono que aplica na Europa o Protocolo de Quioto.

A proposta da Comissão Europeia para reduzir as emissões de dióxido de carbono em 21% até 2020 prevê que a indústria eléctrica deixe de receber a partir de 2012 licenças grátis. O resultado será um aumento dos custos de produção de electricidade que no caso português irá oscilar entre os 4,7 mil e os 6,6 mil milhões de euros entre 2013 e 2020. As contas são da consultora A. T. Kearney, que prevê que esta factura anual adicional de 590 milhões a 830 milhões de euros por ano seja paga pelos consumidores através de uma subida dos preços anual entre os 6% e os 8%, em relação aos valores praticados em 2007.

Estas projecções têm por base uma cotação de 38 euros por tonelada para as licenças de C02, que terão de ser compradas no mercado pelas indústrias mais poluentes, e um cenário de fecho da central de Sines, que é essencial para Portugal cumprir a meta fixada pelo actual Governo para as energias renováveis. No entanto, a repercussão desta factura no preço final da electricidade não é garantida, admitiu o vice-presidente da A.T. Kearney para Portugal. João Rodrigues Pena reconhece que a legislação recente para travar aumentos elevados do preço da electricidade pode ser usada para amortecer este custo ao longo de 15 anos, agravando o défice tarifário. Mas mais cedo ou mais tarde, ele terá que ser pago, realça.

A evolução das cotações do petróleo e a eventual expansão do nuclear a nível ibérico podem mudar este panorama. Aliás, os países com energia nuclear terão menores aumentos. Mas Portugal é dos países mais bem preparados para enfrentar as novas exigências e terá um menor aumento dos preços.

In DN