Vacas ordenhadas por robot

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Na aldeia de Granja
Mogadouro



Vacas ordenhadas por robot

Na aldeia de Granja, concelho de Mogadouro, existe uma vacaria onde a ordenha é controlada por um robot de última geração. Trata-se de um mecanismo de tecnologia sueca, que há cerca de um ano e meio, passou a executar o trabalho que antes era feito por pessoas.

“Nós só temos que inserir os dados da vaca e a partir daí a máquina faz tudo. Se houver alguma avaria, o robot está ligado a uma linha telefónica e faz uma chamada para o número pré-definido a avisar”, explica Sérgio Fernandes, um dos proprietários da exploração.
Este sistema, controlado por um computador, permite às vacas circularem livremente e entrarem na máquina várias vezes ao dia. “O robot faz o cálculo da média que cada animal produz, se entrar um animal que ainda não tenha leite suficiente, ele abre-lhe a porta e não perde tempo a fazer a ordenha”, salienta o produtor.

Aqui tudo funciona ao pormenor, para que a qualidade e a higiene estejam asseguradas. A máquina tem capacidade para detectar anomalias no leite, rejeitando-o sempre que tenha sangue ou mamites. Os proprietários são, ainda, avisados através do computador, com a referência do animal que está com problemas.

O robot permite, ainda, um aumento da produção, que pode variar entre os 10 e os 15 por cento. Assim, os animais são ordenhados várias vezes ao dia, enquanto na ordenha tradicional este processo é efectuado, apenas, duas vezes. “Temos vacas de alta produção, que são ordenhadas 4 vezes, as de média produção são ordenhadas 3 vezes e as de baixa produção 2 vezes ao dia”, explica Sérgio Fernandes.
Com 68 bovinos no auge da produção, os proprietários da exploração decidiram investir as poupanças na melhoraria da sua qualidade de vida e, ao mesmo tempo, aumentarem a quantidade de leite produzida pelos animais.

A mecanização da vacaria representa um investimento global na ordem dos 1,5 milhões de euros, 150 mil euros dos quais destinados à aquisição do robot.
No entanto, apesar de se tratar de um investimento avultado em modernização e competitividade, não foi comparticipado pelo Ministério da Agricultura (MA). “Candidatei-me a um projecto agrícola, mas não foi aprovado, com a justificação de que não haveria verbas para este investimento. Não se percebe porque é que não apoiam a modernização do sector do leite”, lamenta Sérgio Fernandes.

Esta exploração familiar teve início com seis vacas e foi crescendo ao longo dos anos, contando, actualmente, com uma produção média diária de cerca de 2 mil litros de leite, que é vendido para a vizinha Espanha.

Ministério da Agricultura não apoiou a modernização desta exploração de produção de leite

O volume de trabalho aliado ao aumento dos custos de produção e à baixa do preço do leite (ver página seguinte) obrigaram esta empresa familiar a apostar na tecnologia para poupar na mão-de-obra. “Poupa-nos muitas horas de trabalho, dado que antes eram necessárias 10 horas por dia para ordenhar o mesmo número de animais.

Agora só temos que vir cá duas vezes ao dia para verificar se está tudo a funcionar normalmente”, conta o produtor. A par do robot, a vacaria também está equipada com uma máquina responsável pela distribuição da alimentação e com dois pontos de alimentação ligados à central, que racionalizam a quantidade de ração para cada animal.

O bem-estar das vacas também está assegurado com uma escova rotativa que lhes permite livrarem-se dos insectos, um tapete de borracha para se deitarem e um sistema de raspadores programados para efectuarem a limpeza da nave onde os animais estão alojados.
Para já, este sistema é pioneiro no distrito de Bragança, mas já existe um projecto para a instalação de um robot de ordenha numa exploração em Vila Chã da Braciosa, no concelho de Miranda do Douro, que depende da aprovação do MA.

Teresa Batista, Jornal Nordeste, 2008-10-01
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