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Hospitais privados apostam no turismo de saúdepor PATRÍCIA JESUS
Hoje
Cirurgias plástica e ortopédica eleitas para atrair ingleses ao Algarve. Unidades de Lisboa querem ser referência no estrangeiroCinco dias num hotel de cinco estrelas, para duas pessoas, com uma cirurgia plástica para aumentar o peito incluída: 5378 euros. É esta a oferta do grupo hospitais privados HPP. O objectivo é competir no mercado das "férias cirúrgicas", nas suas unidades no Algarve. O turismo de saúde é um mercado em que os europeus já gastam mais de 8 mil milhões de euros a nível europeu, mas tem pesos-pesados como o Brasil, Índia e Tailândia a liderar a nível global e Espanha e Holanda na Europa.
Outras unidades privadas, como o grupo Espírito Santo Saúde, estão a apostar na especializa-ção em determinas áreas, como a oncologia, para captar doentes na Europa. Até porque, com a recém-anunciada mobilidade dos europeus no acesso aos cuidados nos países da UE, a concorrência vai aumentar.
A apostado grupo HPP é no turismo de saúde no Algarve: lançaram recentemente uma página na Internet onde os potenciais turistas/doentes podem escolher o procedimento, a equipa médica e também o hotel onde querem ficar. "A ideia surgiu porque alguns dos nossos clientes no Algarve são estrangeiros que passam cá parte do ano. E depois há o passa apalavra. Resolvemos aproveitar isso. Actualmente, 20% das pessoas que atendemos no Algarve são de outras nacionalidades", diz o administrador Paulo Neves. E nos últimos seis meses, desde que abriram o site, tiveram um aumento de 116% no peso de estrangeiros, embora não revelem valores, "por motivos de concorrência".
E a concorrência não está parada, embora as estratégias sejam diferentes. Isabel Vaz, presidente do grupo Espírito Santo Saúde, explica que o objectivo é tornar os hospitais de grupo, nomeadamente o da Luz, em unidades de referência a nível europeu. "Faz parte de uma aposta para trazer doentes para Portugal e já estamos a negociar essa possibilidade com seguradoras estrangeiras", explica.
Outro dos maiores grupos privado, a José de Mello Saúde, realça que a sua residência para seniores, na Parede, acaba por receber muitas pessoas com necessidades especiais, que precisam de acompanhamento, para passar as férias de Verão. Por enquanto, essa é a única oferta na área.
Para os HPP, no Algarve, os mercados britânico e holandês são os principais alvos. Mas em breve vão traduzir o seu site Algarve Medical Tourism para russo.
Espanha e Holanda são os principais concorrentes. "As Baleares e as Canárias já têm um trabalho muito bom nesta área", admite Paulo Neves. A escala não é, no entanto, comparável a países asiáticos, como a Índia, ou a outros como o Brasil. "Não podemos competir com eles, fazem preços que são impossíveis de bater. Mas estamos mais perto, podemos aproveitar isso." Há intervenções em que oferecem preços mais baratos e outras em que não, indica, por isso, a aposta é no pacote, conclui. E reconhece que as plásticas e as cirurgias ortopédicas são as mais procuradas. O director clínico do Hospital de Lagos, António Carvalho Costa, diz que o papel da equipa é fazer a cirurgia e que não há continuidade no apoio, mas isso não ameaça a qualidade da saúde.
In DN