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"Não consigo mesmo dizer de qual é que gosto mais"por PATRÍCIA JESUS
Hoje
Há tias, avós, irmãs que são mães "emprestadas". Com direito a presente e tudo.Catarina tem duas mães e não consegue dizer de qual gosta mais. "A minha mãe e a minha tia são gémeas e sempre foram muito unidas. Trabalhavam no mesmo sítio e eu e o meu primo nascemos com dias de diferença, por isso até acabaram por partilhar a maternidade." E Catarina e o primo partilham as mães. "Sinto-me como se tivesse duas mães", conclui. Não é a única. A velhinha expressão diz que "mãe só há uma", mas para Catarina, Alexandra e Rodrigo, as tias e irmã foram verdadeiras "mães emprestadas".
"Mãe é quem acompanha, quem vibra com as tuas alegrias e chora por causa das tuas tristezas e, nesse sentido, a minha mãe e minha tia são ambas minhas mães", diz Catarina.
Aos 30 anos, garante que quando tem novidades telefona tanto a uma como a outra. E recorda como quando era pequena e insistia em perguntar à mãe se gostava mais dela ou do primo, Maria Manuela devolvia-lhe a pergunta. "Dizia 'Tu gostas mais de mim ou da Teté?' E eu não conseguia responder. Não consigo mesmo dizer de qual é que gosto mais. Complementam-se", conclui, sentindo-se uma privilegiada.
Mas não é preciso a tia ser exactamente igual à mãe para ocupar o seu lugar. Para Rodrigo Ferreira, de 11 anos, a tia Xanita, de 44, é como uma segunda mãe. Tanto que houve anos em que na escola pedia para fazer dois cartão para oferecer no Dia da Mãe.
"A minha mãe não tem muito tempo e geralmente é a minha tia que me leva à missa ou à catequese. E o padre até pensava que ela era a minha mãe", conta, sentado ao lado da tia.
De certa forma, Maria Ferreira já ajudou a tratar da irmã mais nova, a mãe de Rodrigo, de quem tem 13 anos de diferença. Agora, que a filha já saiu de casa, tem a alegria de estar com Rodrigo. "Aos fins-de--semana e nas férias quase não vai a casa", apesar de viver a apenas 12 quilómetros, explica. "Brincamos muito os dois", conclui Rodrigo, que até já ocupou o quarto da prima.
Para Alexandra, a irmã mais velha não era só a companheira de brincadeiras - foi também uma segunda mãe. "Quando eu nasci a minha irmã tinha 16 anos e durante toda a minha infância acabou por ter um papel preponderante. A minha mãe funcionava mais como minha avó. Era a Paula que me comprava roupa, por exemplo. A minha irmã dizia-me qualquer coisa e eu ficava em sentido, obedecia imediatamente. Com a minha mãe fazia birras enormes", conta.
E aos 14 anos, quando ficou a viver sozinha com os irmãos, foi claramente a irmã que ficou com a responsabilidade de tomar conta dela, admite. Hoje, aos 28, ainda reconhece na irmã uma tendência especial para a proteger.
Já Mariana Sabido está do outro lado. É ela que é a "mãe emprestada", como explica no seu blogue. Tem 28 anos e está grávida de seis meses mas já tem outras quatro "miúdas especiais" na sua vida, dos 8 aos 17. "Quando conheci o meu marido, conheci-o logo com elas", conta.
Vivem todos juntos desde 2007 e têm uma relação muito próxima, diz. "Mas também me zango e ponho de castigo se for preciso. Por isso há dias em que está tudo bem e dias em que não devem gostar nada de mim , tal como acontece com os nossos pais", conclui esta madrasta, que sente necessidade de explicar que não quer ocupar o lugar da "verdadeira mãe". Mas se calhar "falta inventar o dia das mães emprestadas", conclui.
In DN