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 Candidatos à espera de que Sócrates caia da cadeira

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MensagemAssunto: Candidatos à espera de que Sócrates caia da cadeira   Candidatos à espera de que Sócrates caia da cadeira Icon_minitimeSáb Mar 13, 2010 5:22 pm

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Candidatos à espera de que Sócrates caia da cadeira

por JOÃO CÉU E SILVA
Hoje

Candidatos à espera de que Sócrates caia da cadeira Ng1266320

Nasceram todos acima do rio Mondego, mas é o poder exercido a partir de Lisboa que, para além de tudo, interessa aos três candidatos à liderança do PSD.

O congresso e a entrevista de Cavaco Silva são as únicas baias para uma corrida que ignora a quarta candidatura de Castanheira de Barros e que evita tornar públicas as grandes divergências existentes entre o triunvirato de onde sairá o sucessor de Manuela Ferreira Leite. Sob a capa do pensamento com matriz social-democrata, cada cabeça tem um caminho próprio e diferente. Igual, nas três cabeças, só mesmo o risco do penteado que é feito na mesma zona do crânio e da esquerda para a direita. Para além dessa particularidade que irmana o perfil dos candidatos, só existe uma outra: aguardam que José Sócrates caia da cadeira que lhes permitirá ter um lugar na política nacional e uma posição de protagonista em vez da de actor secundário, como acontece há mais de uma década.

Mais do que ser o próximo presidente do Partido Social Democrata, o principal sonho dos três candidatos à liderança do PSD é já o cargo de primeiro-ministro, que se avista mais perto do que sempre. Não se o diz por adivinhação, mas porque qualquer um dos três candidatos frequentemente o afirma, logo no início dos discursos a militantes na campanha em curso para a presidência do partido.

Mesmo que o trio candidato ainda esteja a uma semana de conquistar a liderança, de ser bastante incerta a orientação de voto nas urnas e de poder haver alterações no cenário eleitoral no congresso que este fim-de-semana acontece em Mafra, basta ouvir-lhes os discursos inflamados a militantes ansiosos para entender que se apresentam nessa categoria política e que a liderança do PSD é apenas um passo para José Pedro Aguiar-Branco, Paulo Rangel e Pedro Passos Coelho cumprirem o adiado plano de retoma do poder que Manuela Ferreira Leite personificou - e falhou - ao ganhar o PSD em 2008.

A disputa é tão violenta que até se esquecem da existência de um quarto candidato, Castanheira de Barros, e só por bondade o convidam para iniciativas que obrigam a um rigor partidário. Um exemplo desta fé em se tornar "o próximo primeiro-ministro", para além da reafirmação constante nas acções de campanha, verificou-se quando a actual líder ainda nem se tinha pronunciado sobre o PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento) e já os três candidatos divulgavam posições públicas. Críticas, claro, porque só pode ser essa a posição contra o socialista que ainda governa e a "cavaquista" que queria primeiro analisar o dossier que Sócrates lhe dera horas antes.

Assumir que "o próximo presidente do PSD vai ser primeiro-ministro" provoca uma reacção muito enérgica nos militantes. Batem palmas, regozijam-se com a determinação do candidato e só não se levantam das suas cadeiras porque o planeta laranja está cansado de esperar pelos benefícios que ser alternância propicia. Ou porque a idade - e a experiência, também - ainda pese na militância.

Mesmo assim, é fácil encontrar nas recepções aos três candidatos que percorrem o País em busca do voto útil pessoas que os seguem sempre que a vida o permite. A militante Maria Apolinário, por exemplo, não resistiu a ocupar o seu sábado de folga num salto a Pombal para ver Paulo Rangel fazer a apresentação dos seus mandatários da juventude. Deixou Lisboa a meio da manhã com o propósito de marcar presença no primeiro evento do dia do candidato e arrastou a família para um almoço que custou dez euros por cabeça. Tem as quotas pagas e avisa que o fez do próprio bolso. Não faz queixas de Aguiar- -Branco ou de Passos Coelho, mas considera que o "seu" Rangel "é mais liberal" e que este congresso vai esclarecer os militantes, mas, adianta, "cada filiado é um voto". Para não deixar dúvidas, acrescenta que "cada militante pensa pela sua cabeça" e, por isso, "o candidato da continuidade não tem lugar garantido".

A convivência pacífica desta militante de 52 anos com as três candidaturas é também o retrato mais visível da luta interna entre os três candidatos a presidente do PSD. Uma disputa que parece bem comportada e discreta, mas que, no entanto, nos bastidores é um pouco mais sangrenta do que o cidadão comum imagina. Nem mesmo com a proclamação de Aguiar-Branco de que "estamos os três na mesma dimensão doutrinária" se evita a paz podre no planeta laranja.

Basta andar nos bastidores da campanha para ter a certeza de que Aguiar-Branco não perdoa a Rangel a facadinha no matrimónio social-democrata pelo facto de ter sido avisado da sua candidatura surpresa por sms. Que Passos não perdoa a ambos ter sido eliminado das listas das legislativas e do exílio forçado na última década do círculo de poder social-democrata. Que Rangel não perdoa a hipótese de chegar ao poder e menos o ser ultrapassado por um dos rivais ao cargo, para os quais encontra passos em branco constantes no combate ao PS e colagens a Sócrates.

Nesta ausência de perdão (in)discreta, os responsáveis pela campanha fazem de tudo para atrair o voto dos militantes dispersos pelas três candidaturas. Na de Passos Coelho passa-se a "certeza" de que uma desistência de Aguiar-Branco é o fim da sua carreira política. Na de Rangel, o alvo centra-se também no actual líder parlamentar, mas verifica-se no sentido contrário ao da sentença anterior: se não desistir, é que liquida a carreira. Na de Aguiar-Branco só há uma certeza, que Passos Coelho plagiou muitas informações que estão no seu livro Mudar do site do Instituto Sá Carneiro e que Paulo Rangel elenca propostas que retirou do último programa do PSD.

Se a tentativa de conter a hemorragia interna longe da visibilidade nacional é grande, já o sangue que corre para o exterior tem uma cor rosa: a governação socialista. Aí, sim, a dimensão doutrinária dos candidatos conjuga-se e o nome do primeiro-ministro é a palavra-chave dos discursos. Se houvesse um concurso para se encontrar o candidato que mais o nomeia, seria Aguiar-Branco o vencedor. Rangel faz um grande esforço para chegar ao pódio, enquanto Passos Coelho não fica atrás na obsessão de desfazer o protagonista no poder. Mas essa é também uma área onde cada um tenta passar a rasteira ao adversário e acusá-lo de pactuar pontualmente com a prática socialista. Feito o balanço, Passos Coelho admite que não fará tábua rasa de todas as decisões deste Governo enquanto os outros dois são fiéis à promessa de que nada do que se tem feito contará para o futuro.

A plataforma em que os candidatos se posicionam de igual modo é na tentativa de diminuir o congresso de Mafra a um encontro para debater ideias. A estratégia é fácil de entender, porque cada um, mesmo que diminua essa intenção, tem vindo a preparar um volte-face suportado na retórica e na recolha de apoios de históricos para que saia do plenário a dinâmica de vitória que faz falta numa semana decisiva. Se para Passos Coelho, que parte em grande vantagem devido a número de delegados da sua cor, Mafra é um local onde é preciso não embandeirar em arco sem baixar a guarda; para Aguiar-Branco é o momento em que pode inverter o prejuízo de ter partido em último lugar para a campanha; enquanto para Paulo Rangel é o momento para criar o grande clique da sua candidatura - o clique que Manuela Ferreira Leite procurava ansiosamente há um ano, que as eleições europeias lhe deram e, simultaneamente, retiraram com a resposta de "humildade" socrática que convenceu parcialmente os eleitores nas eleições de Outubro. Por todas estas razões, o ambiente que se vive no PSD é de grande "religiosidade", pois qualquer um dos candidatos a substituir a presidente do partido está à espera de que um milagre o transforme em líder na sexta-feira e os militantes estão - apesar de divididos - com grande fervor na ressurreição do maior partido da oposição.

É tão grande a fé dos militantes, dos candidatos e das suas equipas no futuro que se aproxima que a má-fé das conversas dos bastidores da campanha tentam evitar a todo o custo uma mancha na democracia interna com desabafos impróprios. Agora que já foi dito, evitam repetir-se as críticas ao esquecimento de Paulo Rangel sobre a data precisa em que foi militante no CDS, mesmo que se confesse grande admirador de sempre de Sá Carneiro e do PSD; abafa-se a irritação da equipa de Aguiar-Branco quando faz um telefonema a convidar para mandatário uma personalidade do PSD e ouve constantemente que já foi desviado por outra candidatura; e não se valoriza que Passos Coelho tenha uma associação legal que faz convergir meios financeiros superiores aos dos restantes.

A hora é de obter apoio de voluntários para a campanha, ganhar debates na televisão, usar as redes sociais para difundir a mensagem, cativar históricos, seduzir com tiradas originais dos candidatos e manipular opinião pública através de textos na imprensa de comentadores simpáticos a cada causa.

Mesmo as críticas à actuação da presidência em fim de mandato são abafadas e ninguém quer comentar a gestão de Manuela Ferreira Leite ou ser herdeiro do seu legado. O único "Pai" que aceitam é Francisco Sá Carneiro, como "Filho" arriscam nomear Aníbal Cavaco Silva e o "Espírito Santo", esperam, poderá pairar pela zona do Convento de Mafra.

José Pedro Aguiar-Branco

Na casa de Sá Carneiro

Para falar com os militantes do Porto, o candidato José Pedro Aguiar-Branco escolhe a sede distrital onde se filiou no PSD a 11 de Novembro de 1974, após ouvir no Palácio de Cristal um memorável discurso do fundador do partido. Não é por acaso que deixa fotografar-se perto do busto da principal referência do PSD, que também se inscreveu neste sector. A sala está cheia de militantes tripeiros, mas o sotaque do "puorto" não afecta as pronúncias, pois pertencem às elites, aquelas que gostam de marcar presença nos momentos importantes da vida partidária e que o candidato trata pelo nome. Aqui, Aguiar- -Branco é Zé Pedro, enquanto no placard electrónico por trás de si está uma gralha que os que o conhecem sabem que detesta, esquecer-se o hífen entre os dois apelidos. Mas não é esse esquecimento que o irrita, nem nada do que digam na sessão o conseguirá. A candidatura a isso o obriga e por essa razão ouve impavidamente a proposta de um dos presentes que sugere acrescentar "e da Paz" à designação do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Também não exteriorizará qualquer incómodo quando uma militante bate o salto alto e fino sobre o chão de madeira ao longo de 15 metros com um toque-toque que só se interromperá ao sentar-se na primeira fila e surpreender os presentes com declarações pessoais de índole quase confessionária.

Zé Pedro aceita tudo o que acontece e está receptivo a continuar a sessão pelo tempo que for preciso, pois "a conversa é como as cerejas" no planeta laranja. Inicia o discurso com críticas ao Governo, e Sócrates apanha logo na cabeça devido à falta de transparência. Satisfeita a primeira fome, volta-se para o partido e elogia os adversários e não se esquece de referir que na corrida está também o coimbrão Castanheira de Barros! Quanto à própria candidatura, usa um eufemismo curioso: "Está em crescimento sustentado." Parece que não espera palmas da audiência e fica surpreendido quando as ouve e até diz: "Fico atrapalhado, pois não estou acostumado." Esquece-se de que a plateia está com ele ou seria mal- -agradecida, porque começou por ouvir do candidato que aceitara imediatamente o convite para estar ali pois "é bom ir beber forças às nossas raízes". Embalado no discurso, repete a falta de transparência, só que desta vez refere-se ao PSD, porque "há valores que precisamos como do pão para a boca". E anuncia que é preciso reabilitá-lo e responsabilizar de modo a superar os cinco anos de Sócrates, que é necessário reforçar o estatuto da oposição e, após muitas outras propostas, cala-se. É que alguém apaga inadvertidamente a luz da sala e o silêncio impõe-se. Zé Pedro não se cala por mais que uns segundos e centra a segunda parte do discurso nos adversários: "A minha candidatura está entre o romper [de Rangel] e o 'Mudar' [de Passos] pela unidade. Quem não concorda está distante do PSD." Explica que a principal razão para as lideranças de Filipe Menezes, Marques Mendes e Ferreira Leite não se terem afirmado foi por incapacidade de se criar uma união em torno do líder e, por isso, contrapõe o fim das tribos. Para que se acredite nas suas palavras, refere o gesto politicamente correcto de ter ido à apresentação do livro Mudar de Passos Coelho.

Antes de passar ao debate, Zé Pedro expõe-se para mostrar aos militantes que não estão sós contra a má governação: "A minha filha mais velha foi trabalhar para Paris e a outra, cheia de qualificações, está sem emprego." Por isso, refere, "é preciso devolver o PSD à sociedade" e confirma que está nessa disposição nem que seja preciso dosear o trabalho até "ser 1% de inspiração e 99% de transpiração", como lhe sugerira antes um militante.

Paulo Rangel

Um manjar com a juventude

Excitação é a palavra que melhor define a campanha de Paulo Rangel. O candidato está assim, os responsáveis da campanha anseiam por estar assim e os militantes estão mais do que assim. Há uma crença no candidato que se assemelha ao das grandes disputas políticas e esse é o estado que o eurodeputado Rangel aprecia e o inspira. Escolhe um domingo para reunir a juventude e mostrar que os jotas estão consigo. Escolhe um restaurante famoso pelas iguarias que serve e no Manjar do Marquês dá início à expedição pelas beiras que só terminará pela noite dentro. Escolhe um discurso empolgante para animar a militância. Só não escolheu o discurso que vai fazer hoje no congresso mas, sossega quem o ouve, ainda falta uma semana.

O prato forte do encontro é o discurso do candidato, mas todos sabem que não pagaram dez euros para nada pois, como diz um cliente habitual do local, "já aqui vim mil vezes e em 999 comi sempre muito bem". Mais de duzentas pessoas vieram de todo o País para confraternizar com o candidato. Como a festa é para a juventude, os mais velhos aceitam ficar arredados das proximidades da sua mesa, o que não evita que as militantes se aproximem para uma beijoca e os militantes o tomem como futuro líder. Não é por acaso que uma das suas primeiras acções de campanha é para apresentar os mandatários da juventude. Logo que inicia o discurso, Rangel é claro no anúncio de que três vice-presidentes da JSD estão consigo e que estão ali jotas do Algarve ao Minho para o apoiar. Jotas que já foram presididos pelo adversário Passos Coelho em tempos e que agora estão consigo, infere-se nem que seja à força da repetição. E a JSD cumpre o seu papel, grita "Ninguém pára o Rangel", bate palmas, anima o recinto e aquece os motores para o resto do dia. São os mitos políticos a funcionarem, os mesmos que dizem que Rangel aos 10 anos não sabia o nome de nenhum jogador de futebol mas conhecia o nome de todos os ministros. Os mesmos que fizeram com que alguém se queixe de que o candidato se antecipou ao anúncio de Aguiar-Branco e se abarbatou com nomes históricos como Pinto Balsemão, Miguel Veiga e Mota Amaral.

A presença da juventude cumpre o seu papel como já o fez - e Rangel não se cansa de o dizer - nas europeias. Só que desta vez a luta é interna e os laranjinhas dão muito jeito. Antes de o candidato falar sucedem-se breves intervenções da JSD, tão rápidas e acutilantes como os pratos postos na mesa dos apoiantes que têm direito a três horas com o homem que quer mandar no PSD. Enquanto se provam uns bons pastéis de bacalhau, a sopinha de couves e uma carne acompanhada de batata cozida e migas - coisas más para a barriguinha descuidada do candidato -, ouvem- -se muitas propostas e mais certezas sobre a orientação de voto nas directas do próximo dia 26 - coisas boas para a mente do candidato. E Rangel não poupa as "gerações vindouras" com a agressividade afirmativa que lhe faltou nos primeiros passos da campanha face aos dois adversários. Está em pleno e o V da vitória sempre na ponta dos dedos enquanto é interrompido pelos jovens a cada referência que acham dever ser apoiada. Usa a palavra de ordem que está atrás de si e diz que é preciso "Libertar o Futuro", porque quem vai pagar as dívidas agora contraídas por um mau Governo são os filhos e netos dos jotas à sua frente. Confessa que tem um sonho para os jovens e num discurso de direita revolucionária revela-o: "Alargar a classe média para o conforto e a ascensão social." Para que acreditem na sua execução, garante que enquanto está no Parlamento Europeu faz o trabalho de casa e por isso sabe que 85% dos fundos atribuídos ao TGV podem ser desviados para fazer uma ruptura em Portugal. Como há muitos em idade escolar, garante que a sua experiência profissional lhe demonstra que os estudantes "não querem facilitismo no ensino e preferem uma escola exigente e disciplinada". Depois de esta declaração ter provocado algum silêncio nas hostes jovens, consegue-as empolgar novamente com a derradeira declaração: "Quero soluções para serem postas a funcionar no primeiro dia do Governo PSD." Antes de cumprir o resto da agenda, dá autógrafos e tira fotografias com a juventude. Chama as meninas da JSD mais tímidas para melhorar o enquadramento e sorriem todos, confiantes na excitação de mais um momento da vida partidária que pode levá-los ao domínio da oposição e ao Governo.


Pedro Passos Coelho

Ouvir a sociedade civil

Se a popularidade de Passos Coelho se medir pelo sucesso do livro que escreveu, Mudar, a vitória está garantida, pois está no primeiro lugar das vendas de literatura não ficção. Se se socorrer de outro barómetro, o das personalidades nacionais, os resultados da "sondagem" são também muito esperançosos, pois consegue reunir o pleno. Foi isso que aconteceu em Lisboa, ao juntar dezenas de não alinhados para se pronunciarem sobre a situação através de uma espécie de Estados Gerais do PS, a Plataforma Construir Ideias.

Desceram à cave do hotel algumas centenas de pessoas para se pronunciarem sobre o estado da Nação em sessão pública e, mesmo alegando não ser do PSD, acreditam em Pedro Passos Coelho. Simone de Oliveira está certa de que o candidato se "meteu num sarilho muito grande", porque "é preciso mudar muita coisa". Refere que Passos "tem a idade do meu filho mas é a geração dele que precisa fazer alguma coisa ou perde-se tudo". Simone não está só nas críticas e Luísa Castel- -Branco cita algumas das suas palavras antes de iniciar o ataque ao "Pedrinho": "A sociedade está dividida entre políticos e portugueses porque se antigamente sabíamos quem eram os primeiros hoje não." E para que não restem dúvidas sobre a irritação que a domina, explica que "ninguém quer saber dos PEC, dos POC ou do raio que os parta, é preciso é ensinar o hino nacional como Scolari fez". Tem fé que os políticos "passem a falar com os mais jovens para que regresse a esperança de que Obama falou". "Pedrinho" cora e a oradora não o poupa com uma estocada final: " Se isto fosse governado por mulheres, os homens estavam todos num campo de concentração."

Menos entusiasmada nas declarações está uma das indefectíveis de Passos Coelho, que tem estado a colaborar no fornecimento de propostas à plataforma que "ilumina" o candidato. A constitucionalista do PSD Assunção Esteves confessa que Passos Coelho "recebe todas as propostas apesar de não ter tempo de as questionar neste período de campanha". Entre elas estão aquelas que "são uma resposta social ao eleitorado do PSD e não ao aparelho partidário". Recusa-se a comentar de forma breve o liberalismo que está colado à ideologia do candidato e considera que esse termo tem de ser enquadrado sob outros moldes no que lhe diz respeito. Prefere referir as preocupações sobre o ambiente, a política fiscal e os planos cívicos para essa intervenção. Também Paulo Teixeira Pinto é sucinto na mensagem político-poética: "Há tempos e um tempo. Houve um tempo para construir ideias e agora é tempo de as ideias se construírem." E, em tempos de estreia do filme de Tim Burton, cita Alice no País das Maravilhas: "Não porque vivamos no País das Maravilhas, mas porque Alice soube escolher o caminho que lhe servia para chegar aonde queria." A fechar o leque de intervenções, o ambientalista Joanaz de Melo explica à audiência que para mudar é preciso saber como e não desejar: "Se abríssemos as cortinas desta sala, estaríamos a gastar menos energia..."

Se as vozes da sociedade civil abriram o coração ao candidato, este não se fica atrás. Alerta que a palavra de ordem "Mudar" não é slogan de ocasião mas o caminho a seguir: "Não ouvi vozes, não senti um desígnio, não sou esponja para absorver ideias nem houve um cataclismo que me tenha chamado à vida." O que foi então? O candidato responde: "Aos 12 anos senti a política entrar na minha vida e desde então colei cartazes, andei empoleirado para me fazer ouvir com megafones e agora, após ter escutado o que as pessoas querem, estou preocupado em dizer o que penso." Explica que ser presidente do PSD não é ser dono do partido, não possibilita reescrever a história do PSD ou esquecer militantes e facções que o fizeram. Garante que não é preciso "romper", recusa a falta de consistência de alguns e afirma que tem visto como no PSD "uns foram embora, alguns aprenderam com os erros e outros não querem sair".


Castanheira Barros

O esquecido

À margem da campanha na estrada está um quarto candidato à presidência do PSD: Castanheira Barros. Não foi o último a apresentar a candidatura, mas falta-lhe a ajuda do aparelho e a máquina eleitoral para o levar à ribalta, a não ser no congresso de Mafra, onde poderá falar em igualdade de circunstâncias. Mesmo assim destaca que possui um "espírito de vitória" no que respeita à presidência do partido, mas que oferece o cargo de primeiro-ministro "para outro companheiro mais bem colocado". Entre os nomes que aponta para o cargo governativo estão: Marcelo Rebelo de Sousa, João Jardim, Luís Filipe Menezes, Santana Lopes, Durão Barroso e Cavaco Silva. Aposta nas ideias em vez de personalidades para voltar a dar ao PSD o fulgor de outros tempos e, apesar das dificuldades, acredita que a sua campanha possa ter uma viragem com o anúncio de apoios de peso entre os históricos sociais-democratas. Ainda está em fase de recolha das 1500 assinaturas que vão formalizá-lo como candidato.

Após 17 presidentes, o partido fundado por Francisco Sá Carneiro busca um líder que interrompa o caos pós-Durão Barroso (1999/ /2004) provocado pelos curtos mandatos de Santana Lopes (2004/05), Marques Mendes (2005/07), Filipe Menezes (2007/08) e Ferreira Leite. Por isso, segunda-feira ,a campanha volta à rua para fixar os mais de 40 mil votos do planeta laranja, sempre envoltos em quotas pagas por atacado e à última hora.

Ninguém se preocupa com a alegada juventude dos candidatos que, curiosamente, têm todos mais idade do que Sá Carneiro quando fundou o PSD em 1974. A razão é simples, chegou a vez de fazer no PSD o rejuvenescimento que já aconteceu nos restantes partidos com assento na Assembleia da República. É o que dizem os directores de campanha e os militantes que pululam ao redor dos candidatos no país real.

Por uma vez, estão todos de acordo.

In DN

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