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Castedo do Douro lembrou Poeta
Alijó Homenagem a António Cabral carregada de emoção A homenagem a António Cabral (AC), na data do seu falecimento, decorreu sob forte emoção. Dois anos após a sua partida, Castedo prestou uma pequena e singela homenagem ao homem que durante a sua vida, viveu uma enorme paixão pela terra que o viu nascer.
No passado Sábado a cerimónia iniciou-se com o descerramento de uma placa evocativa do momento, no exterior do edifício do Centro Cultural. De seguida e já na sala de espectáculos, Marco Rodrigues, actual secretário da Junta de Freguesia e futuro presidente (toma posse a 30 de Outubro), deu as boas vindas e agradeceu a presença de todos, assim como agradeceu às entidades que se fizeram representar. O Grémio Literário de Vila Real fez-se representar pelo Dr. Pires Cabral, os vereadores Eng.º Luís Azevedo e a Professora Goreti Cachide da Câmara Municipal de Alijó, pelo INATEL esteve a Directora da Agência de Vila Real, Dr.ª Maria do Carmo e Orlando Mourão, entre outras entidades presentes.
Marco Rodrigues manifestou o enorme orgulho da freguesia em António Cabral, pretendendo perpetuar o seu nome e a sua memória no tempo.
Após a recitação de um poema do poeta, pelo Enfermeiro Rui Pires, foi dada a palavra ao Dr. Pires Cabral. O escritor e director do Grémio Literário de Vila Real, fez questão de elogiar a pessoa, o homem e amigo que foi António Cabral, disse ainda, que \"foi um grande poeta do Douro e um homem de grande qualidade literária\" afirmando que \"conseguiu, por mérito próprio, impor-se na literatura nacional\".
Tomou a palavra de seguida o professor e escritor Joaquim Grácio, que enumerou diversos episódios com António Cabral como seu docente no seminário, onde o poeta “evitava que as minhas traquinices tivessem outras consequências” e continuou “foi um amigo nessa altura de que nunca me esqueci”. Joaquim Grácio teve a oportunidade de anos mais tarde ter o seu mestre como colega no Centro Cultural de Vila Real, “onde tive o maior prazer de trabalhar com uma pessoa, a todos os níveis, fantástica”, o escritor chegou a ser Chefe de Redacção de um Jornal quando António Cabral era Director “muitas foram as vezes que trabalhamos juntos, em várias circunstâncias, António Cabral era um grande amigo” afirmou JG.
A Dr.ª Alzira Cabral, esposa do poeta, muito emocionada agradeceu a todas as entidades e a todos Castedenses a homenagem dedicada ao marido, lembrando “que era um apaixonado pela terra que o viu nascer, era nesta bonita localidade que ele muitas vezes se inspirava para escrever”.
A surpresa da noite chegou alguns momentos após a recitação de mais um poema.
As luzes apagam-se, ouve-se música, a expectativa era enorme, acende-se uma luz ao centro do palco e de rompante abrem-se as cortinas, a esposa do poeta fica por momentos incrédula… a cantar estava Francisco Fanhais (foi padre e tornou-se o expoente máximo dos católicos progressistas, que desde a célebre carta do bispo do Porto a Salazar em 1958, se demarcavam progressivamente do regime). O cantor despontou para o mundo da música após a participação no programa de televisão \"Zip-Zip\". Foi depois desta participação que Francisco Fanhais foi convidado, para actuar em Vila Real, por António Cabral, como o próprio contou após terminar a música de abertura.
Depois de se apresentar, explicou como conheceu o homenageado “em 1970 António Cabral convidou-me para vir a Vila Real fazer um espectáculo, e conforme o combinado, ele foi esperar-me ao comboio, no Porto, no momento da minha chegada ele informa-me que o espectáculo foi impedido pelo regime”. António Cabral não desistiu, e o artista seguiu para Vila Real, “acabei por ficar em casa dele e no dia seguinte ele reuniu alguns amigos, no máximo seriam 15 pessoas, para as quais dei um espectáculo” contou com alguma emoção à mistura. Anos mais tarde Francisco Fanhais musicou dois poemas de António Cabral, “Leonor” e “A saída do correio”. O artista e também professor fez questão de se deslocar do Alentejo para estar presente na homenagem, afirmando que “nunca mais esquecerei aquele espectáculo em Vila Real, António Cabral estará para sempre na minha memória” concluiu.
Após a actuação de Francisco Fanhais, seguiu-se o grupo “Mar de Pedra”, que como é hábito animou e divertiu todos os presentes com a sua entusiástica actuação. A encerrar a noite estiveram o Grupo de Concertinas e Grupo de Cavaquinhos do Rancho Etnográfico de Borbela (Vila Real), muito aplaudidos pelo público.
No Domingo a Missa Dominical foi em memória do homenageado. À tarde actuou o Rancho Folclórico de Santa Eugénia, com uma actuação brilhante, para um grupo com pouco mais de um ano de existência.
Os jogos populares preencheram o final da tarde onde reinou a animação e divertimento entre os mais novos. A coroar o encerramento da homenagem, a peça de teatro “Não se paga, Não se paga”, levada à cena pela oficina de teatro de Favaios, em mais uma representação de grande nível.
No final, Manuel Pereira, presidente do Centro Cultural, fez um balanço positivo da primeira homenagem da freguesia ao grande vulto da cultura transmontana, e prometeu não parar por aqui para perpetuar o nome de António Cabral. Não foram esquecidos porém, todos aqueles que colaboraram na homenagem, “a todas as entidades, grupos participantes, a todas pessoas que colaboraram na organização, a todos que se associaram a esta homenagem, o nosso muito obrigado” disse Marco Rodrigues, futuro Presidente da Junta, num sinal de satisfação.
Paulo Vilela, 2009-10-27
In DTM