.
Portugal é o 14º nas contas nacionais do Bem-Estar Uma avaliação do progresso dos países europeus sem base no PIB mostra resultados surpreendentes. É um trabalho pioneiro da New Economics Foundation em 22 países europeus em que avalia o Bem Estar Pessoal, o Bem Estar Social e o Bem Estar no Local de Trabalho.SF
11:01 Sexta-feira, 6 de Fev de 2009
Portugal tem como ponto forte a qualidade das interacções próximas com a família e amigos, logo seguido da auto-estima
Ana Baião/Expresso
O PIB, o indicador económico por excelência, tem sido bastante criticado pela sua sobrevalorização, por falhar na análise de desigualdades e por ignorar outros aspectos de riqueza da população, nomeadamente o seu bem-estar.
Para tentar superar esta situação e avaliar de forma mais profunda e real o verdadeiro progresso das nações, a New Economics Foundation publicou pela primeira vez o estudo National Accounts of Well-Being que coloca o Bem-Estar como a medida de evolução dos países. Os resultados são surpreendentes.
A Dinamarca e a Ucrânia surgem como a primeira e última deste ranking que revela assimetrias espantosas entre os países europeus.
Para que a análise pudesse ser o mais completa e transversal possível, a NEF criou um modelo que tem em conta duas componentes de Bem-Estar: o Pessoal (que avalia sentimentos positivos e negativos, vitalidade, satisfação de vida, resiliência, auto-estima, optimismo, autonomia, competência, envolvimento e significado e objectivo) e o Social (que visa a confiança e sentimento de pertença e as relações sociais de apoio).
As conclusões, obtidas a partir de dados recolhidos em inquéritos nacionais a 22 países europeus, em 2006/07, e analisados na Universidade de Cambridge, mostram que:
1. Países com um elevado nível de Bem-Estar Pessoal não têm necessariamente um nível elevado de Bem-Estar Social: a Dinamarca e a Ucrânia mostram uma estabilidade pouco comum. Os países da Europa Central e de Leste (excepto e Eslovénia) tem um maior Bem-Estar Social do que Pessoal, assim como Portugal e Espanha.
2. Os países Escandinavos têm a melhor média de Bem-Estar geral, enquanto que a os da Europa Central e de Leste revelam a média mais baixa. Dinamarca, Suiça e Noruega estão por isso no topo, em contraste com a Ucrânia, Bulgária e Hungria que estão nos lugares mais baixos do ranking
Portugal ocupa o 18º lugar em Bem-Estar Pessoal, subindo no entanto à 7ª posição quando de Bem-Estar Social de trata.
O nosso ponto mais forte são as relações sociais de apoio (5,6) ou seja, a qualidade das interacções próximas com a família e amigos, logo seguido da auto-estima (5,3), que é mesmo superior à da vencedora Dinamarca (5,0).
Já o bem-estar emocional/ausência de sentimentos negativos e a satisfação de vida são os nossos vectores mais fracos, com 4.2 respectivamente.
O bem-estar no local de trabalho coloca-nos em 14º lugar, surpreendentemente à frente do Reino Unido e da Alemanha, embora bem atrás do Chipre, vencedor nesta matéria.
Com este estudo, a que pretende dar continuidade, a NEF tentou agarrar a multiplicidade e dinamismo dos factores que contribuem para o bem-estar das populações e, consequentemente, motivar os governos e as instituições europeias a analisarem em profundidade os resultados e estabelecerem novas políticas de actuação que combatam as desigualdades e permitam o progresso cada vez mais consistente de cada uma das nações e da Europa como um todo.
http://downloadsexpresso.aeiou.pt/expressoonline/PDF/tabBemEstar060209.pdf
In Expresso