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Desportos radicais e turismo
Mirandela Empresas e parapente dão vida a Lamas de Orelhão Com um tecido empresarial forte e uma vasta riqueza natural e patrimonial, a aldeia de Lamas de Orelhão, no concelho de Mirandela, inverte a tendência da desertificação que ameaça o Mundo Rural.
Situada mesmo ao lado do IP4, esta localidade acolhe cerca de duas dezenas de empresas, que laboram nos ramos da restauração, louças e peças de decoração, materiais para a construção civil, serralharias, oficina de automóveis, bombas de combustível, agricultura, lagares de azeite, queijarias e artesanato.
“Estas unidades ajudam a fixar a população, porque criam largas dezenas de postos de trabalho e dão dinâmica à freguesia”, realça o presidente da Junta de Freguesia de Lamas de Orelhão, Jorge Carvalho.
Apesar da conjuntura favorável, Lamas tem assistido à partida de muitos jovens para a sede de concelho, devido à falta de terrenos. “Neste momento não há lotes para construção. Os emigrantes que regressam da França ou da Suíça vão para Mirandela. Por isso, vamos alargar o perímetro urbano da freguesia no âmbito do novo Plano Director Municipal”, justifica o autarca.
Já a serra de Orelhão é um atractivo para os amantes do parapente e do voo livre. Quando as condições atmosféricas o permitem, os céus pintam-se de várias cores.
Este desporto radical tem o seu ponto alto em Julho, aquando do Encontro Nacional de Parapente. “Este ano realizou-se o III Open e para o ano estamos a pensar alargar os horizontes do parapente com uma prova para o campeonato europeu”, revela Bruno Mendonça, um “amante” do voo livre que também participa na organização do evento. As provas são organizadas pelo Aeroclube de Mirandela e conta com o apoio da autarquia local, que também vai iniciar as obras de alargamento das pistas de descolagem e aterragem.
Projecto para a Serra de Orelhão concilia os desportos radicais, o turismo, o pastoreio e a produção de energia eólica
Com cerca de 541 votantes, a freguesia tem crianças suficientes para manter a escola do 1º Ciclo e o Jardim-de-Infância. “ Como a anexa de Fonte da Urze dista cerca de 18 quilómetros de Lamas, os alunos vão para S. Pedro que fica a cerca de 3 quilómetros. É mais cómodo para eles e temos crianças suficientes cá para manter os estabelecimentos de ensino a funcionar”, frisa Jorge Carvalho.
Já a riqueza patrimonial remonta aos tempos em que Lamas de Orelhão foi vila e de sede de concelho, tendo-lhe sido conferidos três forais: em 1225 por D. Sancho II, D. Afonso III em 1259 e em 1515 por D. Manuel I.
O concelho foi extinto em 1855, mas os marcos históricos vão resistindo ao passar dos anos, como é o caso do pelourinho, a igreja matriz, as fontes romanas, as casas senhoriais, o antigo tribunal, a prisão e a antiga guarnição militar. “Há uma parte do antigo tribunal que está em ruínas e que gostaríamos de transformar numa biblioteca, mantendo a traça original da fachada”, salienta o autarca.
Reza a história que esta terra também foi corte do rei árabe chamado “Orelhão”, que deu nome à freguesia, ao qual estão associadas as lendas de Santa Comba e S. Leonardo.
Na serra de Orelhão também é possível encontrar vestígios do antigo castelo e das Muralhas do Rei de Orelhão. Este local é, igualmente, um ex-libris para a freguesia. Por isso, a autarquia quer rentabilizá-lo, conciliando os desportos radicais, o turismo, o pastoreio e a produção de energia eólica.
Para tal, existe um projecto que contempla a reflorestação, construção de um parque de merendas e de uma barragem, que vai ser candidatado ao QREN. Além disso, a Junta já assinou um contrato para a instalação de cerca de 8 ventoinhas, que poderão render cerca de 45 mil euros anuais à freguesia. “Temos cerca de 700 hectares de baldio na serra que nos permitem conciliar tudo”, acrescenta Jorge Carvalho.
Depois de ter realizado um conjunto de obras importantes para esta localidade, o autarca gostaria, ainda ,de construir uma casa mortuária, requalificar a entrada na freguesia e calcetar a antiga entrada na freguesia até ao final do mandato.
Teresa Batista, Jornal Nordeste, 2008-11-03
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