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PJ investiga abuso de poderpor CARLOS RODRIGUES LIMA
Hoje
Jorge Coelho e Luís Parreirão garantem legalidade do protocolo entre o IEP e a Câmara de SantarémA Polícia Judiciária está a investigar eventuais crimes de abuso de poder e participação económica em negócio num caso que remonta a 2001 e que envolve, já como arguidos, Jorge Coelho e Luís Parreirão, ex-secretário de Estado das Obras Públicas. Ambos já rejeitaram publicamente terem cometido qualquer tipo de ilegalidade. No processo há mais três arguidos.
O caso remonta a 2001, quando a autarquia vendeu, por cerca de 4,5 milhões de euros, um terreno ao Estado para a construção da actual via circular de Santarém, com o compromisso de que essa verba iria ser canalizada para regularizar as contas do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA). Só que, segundo o próprio CNEMA, o dinheiro nunca chegou às suas contas, por decisão do anterior presidente da Câmara de Santarém, José Miguel Noras. As negociações entre a Câmara de Santarém, o CNEMA e o Instituto de Estradas de Portugal começaram em 1998
Ora, é este circuito que os inspectores da Unidade Nacional Contra à Corrupção da PJ estão a investigar. Sobretudo para saber até que ponto a engenharia financeira montada - envolvendo ainda o Instituto de Estradas de Portugal - foi legal.
Os anos foram passando, e em 2002, a câmara propôs-se atribuir um terreno ao CNEMA de valor idêntico ao desta alegada dívida, mas um banco acabou por avaliar o terreno em questão por um valor inferior. Ficou então a autarquia a pagar a hipoteca. Em declarações à imprensa, o actual presidente da autarquia, Moita Flores, revelou: "Quando percebi que isto estava em investigação decidi não pagar nem mais um tostão."
Por sua vez, Jorge Coelho, ministro das Obras Públicas à altura dos factos, confirmou ter conhecimento do caso, mas tal tendo tido apenas um encontro com o então presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), José Manuel Casqueiro (já falecido), e com o ex-autarca José Miguel Noras para "procurar ajudar a resolver um problema que existia" entre o município, o CNEMA e a Estradas de Portugal. "Nunca mais tive qualquer ligação a esta questão", acrescentou em comunicado.
Sobre a constituição como arguido de Jorge Coelho, o actual presidente da autarquia disse que se trata de "folclore político". "Não tem que ver com o cerne da questão e não visa procurar saber a verdade que está nos negócios feitos então pela câmara e pela direcção do CNEMA. É envolver quem não teve nada que ver com esses negócios, o que é feio, muito feio", declarou Moita Flores.
Luís Parreirão, também em comunicado, defendeu a legalidade do acto. Na qualidade de secretário de Estado das Obras Pública, Parreirão, actualmente a residir em Luanda, afirma ter homologado um protocolo que o IEP lhe submeteu. Acrescentando que o documento foi, entretanto, por si homologado "em conformidade com o parecer que me foi apresentado e louvando-me no teor técnico do mesmo". "Desconheço quaisquer acordos ou compromissos relativos a pagamentos ao CNEMA ou a quaisquer outras entidades", garantiu ainda o antigo secretário de Estado.
In DN